Tropas russas chegaram aos arredores de Kiev nesta quarta-feira (9), véspera da primeira negociação de alto escalão entre os dois países desde a invasão à Ucrânia, em 24 de fevereiro. Os soldados russos avançam rapidamente, há dias, a partir de regiões a norte e nordeste da capital ucraniana.
As colunas de blindados russos, que há cinco dias se encontravam centenas de quilômetros a nordeste de Kiev, estavam hoje a cerca de 15 quilômetros, perto de Brovary.
Soldados ucranianos relataram à AFP combates em Rusaniv, 30 quilômetros a leste de Brovary. Em Mariupol, porto estratégico no sudeste da Ucrânia, 17 adultos ficaram feridos em um bombardeio russo a um hospital pediátrico, anunciou o funcionário regional Pavlo Kirilenko, sem citar vítimas.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, chamou esse ataque de "imoral". Segundo ele, a ONU pediu o fim imediato dos ataques a instalações de saúde, hospitais, profissionais de saúde e ambulâncias.
A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, discutirá com autoridades polonesas nesta quinta-feira (10) como fornecer "assistência militar" à Ucrânia, segundo um representante do governo americano. Os Estados Unidos enviaram duas novas baterias antiaéreas Patriot para a Polônia, em linha com seu compromisso de defender o território dos países da Otan, informou uma autoridade do Pentágono nesta quarta-feira.
Progressos
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) contabilizou mais de 2 milhões de refugiados que fugiram da guerra na Ucrânia, segundo dados divulgados hoje. São 143,9 mil refugiados a mais do que na terça-feira (8).
Autoridades na zona de guerra e a ONU asseguram que esse fluxo irá aumentar. Várias tentativas de abrir corredores humanitários fracassaram desde o começo da guerra, mas um novo acordo foi alcançado na manhã de hoje. Segundo a ONU, até 4 milhões de pessoas poderão abandonar o país por causa do conflito.
A porta-voz do ministério russo das Relações Exteriores, Maria Zakharova, declarou que seu país vê progressos nas negociações com a Ucrânia:
— Paralelamente à operação militar especial (nome dado pelas autoridades de Moscou à entrada de tropas russas na Ucrânia) também acontecem negociações com a parte ucraniana para acabar o quanto antes com o banho de sangue sem sentido e a resistência das Forças Armadas ucranianas. Alguns progressos foram feitos — afirmou.
Maria declarou também que a ação não tem como alvo a população civil e a destruição de seu Estado.