O governo ucraniano anunciou neste sábado (12) que uma mesquita em Mariupol, na qual cerca de 80 civis, incluindo cidadãos turcos, se refugiaram, havia sido bombardeada, mas a informação foi negada por um dos envolvidos na organização das evacuações.
"A mesquita do sultão Suleiman, o Magnífico, e sua esposa Roxolana, em Mariupol, foi bombardeada pelos invasores russos", disse o ministério no Twitter.
"Mais de 80 adultos e crianças estão se refugiando lá, incluindo cidadãos turcos", acrescentou, sem especificar quando ocorreu o bombardeio.
O governo turco se recusou a reagir neste sábado aos relatos do atentado à mesquita. O Ministério das Relações Exteriores da Turquia, contatado pela AFP, disse que "não tinha informações".
No entanto, o presidente da associação da mesquita Suleiman em Mariúpol, Ismail Hacioglu, contatado pelo canal turco HaberTürk nesta tarde de sábado, assegurou que o bairro estava sendo atacado, mas que a mesquita não foi atingida.
"Os russos bombardearam a área [...] que fica a 2 km da mesquita, e uma bomba caiu a cerca de 700 metros da mesquita", disse no Instagram.
Dentro do templo há trinta civis, "incluindo crianças", explicou, embora não tenha especificado quantos.
No total, 86 cidadãos turcos permanecem na cidade de Mariupol, e a associação da mesquita está tentando reuni-los indo de casa em casa para procurá-los, disse Hacioglu à televisão turca.
O responsável explicou ainda que a sua associação já tinha tentado evacuar quatro vezes cidadãos turcos, formando um comboio, "mas os russos não nos deixaram atravessar" as barreiras.
"Vamos tentar pela quinta vez", disse ele.
No Instagram, Hacioglu especificou que tem dois ônibus à sua disposição para realizar evacuações.
O consulado turco em Odessa, um importante porto no sul da Ucrânia, pediu aos cidadãos turcos em Mariupol no Twitter em 7 de março que se refugiassem na mesquita atacada, "com o objetivo de evacuar nosso país". A AFP não conseguiu entrar em contato com o consulado.
A estratégica cidade de Mariupol, bombardeada por dias, sofre um cerco devastador.
Os habitantes, entrincheirados em porões, estão isolados, sem água, gás ou eletricidade e até brigam para conseguir comida. É uma situação "quase desesperadora", alertou Médicos Sem Fronteiras (MSF) na sexta-feira.
Um hospital infantil e uma maternidade foram atacados na quarta-feira, matando três pessoas e ferindo muitas outras, provocando protestos internacionais.
Nesse contexto, uma nova tentativa de corredor de evacuação está planejada para permitir que os civis deixem a cidade em direção a Zaporizhzhia, cerca de 200 km a noroeste, segundo a vice-primeira-ministra ucraniana Iryna Vereshchuk.
Um comboio de pelo menos uma dúzia de ônibus, liderados por padres ortodoxos e carregados com 90 toneladas de alimentos e remédios, partiu de Zaporizhzhia para Mariupol, disse à AFP Sergiy Orlov, vice-prefeito da cidade.
Pretende-se que, se os ônibus entrarem em Mariupol, saiam novamente da cidade com civis para levá-los a Zaporizhzhia.
* AFP