A classe política condenou, nesta segunda-feira (10), a agressão contra um deputado da maioria governista em frente à sua casa no território francês de Saint-Pierre-et-Miquelon, em frente à costa canadense, cometida por manifestantes contrários ao passe sanitário.
No domingo (9), o deputado Stéphane Claireaux, do partido centrista República em Marcha (LREM, sigla em francês), do presidente Emmanuel Macron, foi atacado com algas e pedras em sua casa, um atentado que irá denunciar o que, em suas palavras, "pareceu um apedrejamento".
— Temos visto a intensificação da violência contra políticos eleitos —, lamentou o chefe de Estado francês, durante uma visita a Nice dedicada a questões de segurança, condenando o ataque "intolerável" e "inaceitável" a Claireaux.
Embora os rivais políticos de Macron, que ainda não confirmou sua candidatura à eleição presidencial de abril, tenham condenado o ataque, também denunciaram a tensão criada pelo presidente francês, na semana passada, com suas declarações polêmicas.
— Aos não vacinados, quero muito irritá-los. E é isso que continuaremos a fazer, até o fim — disse o chefe de Estado em entrevista ao jornal Le Parisien na terça-feira passada (4), no momento em que seu governo busca a implementação de um controverso passe de vacinação.
Em declaração na rádio RMC, o deputado do partido Os Republicanos (direita) Éric Ciotti pediu "sanções contra quem usa a violência de forma um tanto maluca, com argumentos delirantes", mas também criticou as "provocações" de Macron em busca de "conflito" por motivos eleitorais.
— O presidente da República agiu como incendiário em seu discurso na semana passada, porque atacou pessoas não vacinadas, em vez de tentar convencê-las — avaliou a candidata à Presidência pelo partido Os Republicanos, Valérie Pécresse, em conversa com o France Info.
O chefe do Partido Socialista, Olivier Faure, criticou que "alguns antivacinas usam as provocações do presidente para justificar sua violência". O ataque é "absolutamente inaceitável", tuitou seu colega ecologista Julien Bayou.
O ministro francês das Relações com o Parlamento, Marc Fesneau, voltou-se, na rede Public Sénat, contra as autoridades públicas que deixam os políticos eleitos à mercê da "vingança popular" e qualificou a "pressão física" de "totalitarismo".
O líder do LREM na Câmara, Christophe Castaner, condenou a "covardia [dos manifestantes] perante um único homem, pacífico, indefeso, que se levantou, que saiu, que quis falar". Ele lembrou que, em 2021, foram registradas 322 ameaças a deputados, a maior parte de sua legenda.
As declarações de Macron e o recorde de casos de covid-19 em meio à quinta onda marcada pela variante ômicron recolocaram a saúde na linha de frente da campanha eleitoral.
Para os observadores, com essa polêmica, o presidente de centro teve a intenção de impor o tema da covid-19 na campanha. Por enquanto, Macron lidera as pesquisas de intenção de voto, seguido dos candidatos de direita e de extrema direita.