Ao menos 60 pessoas morreram e várias ficaram feridas após a explosão de um caminhão-tanque na madrugada desta terça-feira (14) na cidade haitiana de Cap-Haitien, de acordo com o último boletim das autoridades locais.
— O balanço agora é 60 mortes — declarou Patrick Almonor, vice-prefeito de Cap-Haitien, segunda maior cidade do país, acrescentando que continuam as buscas por sobreviventes.
Segundo Almonor, o motorista do caminhão-tanque teria tentado evitar a colisão com um mototáxi. Nesta manobra, perdeu o controle de seu veículo, que virou na estrada.
Depois, apesar das advertências do motorista, os moradores correram na direção do caminhão para recuperar o combustível, um bem muito apreciado. Grande parte morreu na explosão.
Quase 20 residências próximas sofreram incêndios após a deflagração, de acordo com Almonor, o que permite prever um balanço maior de vítimas.
— Ainda não temos condições de anunciar detalhes sobre o número de vítimas dentro das casas — disse.
País mais pobre da América Latina, o Haiti enfrenta uma escassez de combustíveis, pois grupos criminosos dominam parte da rede de abastecimento.
O hospital Justinien, para onde várias vítimas da explosão foram levadas, vê-se assoberbado com o fluxo de feridos. Muitos deles se encontram em estado crítico.
— Não temos os recursos para atender as muitas pessoas com queimaduras graves — afirmou uma enfermeira à AFP.
— Temo que não vamos conseguir salvar todos — disse.
— As pessoas têm queimaduras em mais de 60% da superfície corporal — disse o doutor Calhil Turenne, que contou 40 feridos graves e dois mortos no hospital.
Diante da situação de emergência, o primeiro-ministro também anunciou a instalação de hospitais de campanha "para oferecer a atenção necessária para as vítimas desta terrível explosão".
Crise permanente
Nos últimos meses, grupos armados aumentaram consideravelmente seu controle sobre Porto Príncipe, dominando as rodovias que levam aos três terminais de petróleo do país.
Mais de uma dúzia de veículos de transporte de combustível foram sequestrados por gangues, nas últimas semanas, em troca de pesados resgates pela libertação dos motoristas.
Este quadro desperta uma forte insatisfação na população. Nesta segunda-feira (13), manifestações tomaram as ruas contra o aumento do preço da gasolina.
Desde outubro, as redes de telecomunicações e a imprensa reduziram drasticamente suas atividades em todo país, por não conseguirem encontrar combustível para os geradores térmicos que fornecem energia para as antenas.
Esta crise energética também atrapalha o funcionamento das poucas estruturas hospitalares do país.
O Haiti já havia sofrido um duro golpe em 12 de janeiro de 2010 com um terremoto que devastou Porto Príncipe e várias cidades. Mais de 200 mil pessoas morreram, e a crise econômica nacional se agravou ainda mais.
Soma-se a isso a profunda crise política que prevalece desde então e que teve seu clímax em julho, quando um comando assassinou o presidente haitiano, Jovenel Moïses. O incidente segue sob investigação e envolveu cidadãos estrangeiros.
A insegurança é outro ponto dramático, atingindo níveis extremamente elevados. O recente surgimento de sequestros no Haiti destaca o crescente domínio das gangues que controlam grande parte do país..