Bangladesh retomou a transferência de rohingyas para a ilha de Bhashan Char - anunciaram autoridades locais nesta quarta-feira (24), apesar das críticas de organizações humanitárias que consideram o destino inseguro e inundável, para onde os refugiados são realocados contra sua vontade.
Cerca de 2.000 rohingyas serão transferidos esta semana, disse o vice-comissário do país para os refugiados, Mozem Hosain, à AFP.
"Os navios da Marinha vão transportá-los para a ilha na quinta-feira (25)", informou, acrescentando que todas as realocações foram voluntárias.
Vários refugiados disseram à AFP, no entanto, que foram forçados a se estabelecer lá.
"Não queremos ir para Bhashan Char", disse um rohingya à AFP, por telefone, pedindo para não ser identificado.
Quase 20.000 membros desta minoria apátrida já foram transferidos para a polêmica ilha.
Com um milhão de refugiados rohingyas em acampamentos no continente, Bangladesh quer deslocar 100.000 deles no longo prazo. Centenas já fugiram desta ilha para cidades costeiras, onde foram detidos.
Em agosto passado, dezenas de pessoas morreram no naufrágio de um barco pesqueiro que as levava de volta para o continente.
Em outubro, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) assinou um acordo com as autoridades bengalesas para fornecer ajuda e proteção à população rohingya da ilha.
Em torno de 850.000 rohingyas estão confinados em acampamentos ao longo da fronteira entre Bangladesh e Mianmar.
A maioria fugiu da brutal e sangrenta repressão militar sofrida em Mianmar em 2017, a qual pode ser caracterizada como genocídio, segundo a ONU.
Bhashan Char fica a cerca de 60 quilômetros de Bangladesh continental, no coração do estuário do rio Meghna. É uma região sujeita a fortes ciclones, que já deixaram pelo menos um milhão de mortos nos últimos 50 anos.
* AFP