Fechadas como medida de prevenção à pandemia, as fronteiras terrestres do Uruguai serão reabertas gradualmente a partir de setembro. Um anúncio oficial deverá ocorrer na próxima semana na capital Montevidéu, ocasião em que o governo do presidente Luis Lacalle Pou apresentará os detalhes.
A reabertura será paulatina. A tendência é de que, inicialmente, somente os estrangeiros que possuem imóveis no país deverão ser autorizados a entrar. Estar vacinado deve ser outro critério. Os turistas em geral terão de esperar mais tempo para bebericar o tradicional Medio y Medio e degustar os famosos cortes bovinos uruguaios no Mercado Del Puerto, entre outros passeios conceituados em Montevidéu e em Punta del Este, mas a intenção do governo é retomar o fluxo mais intenso de visitantes até o final do ano.
— Nesta segunda-feira (9), mais tardar na terça (10), vão ser anunciadas as medidas iniciais. Primeiro, tomando em conta especialmente as pessoas que têm interesses no Uruguai, que são proprietários de imóveis. Depois, gradualmente, para os turistas. A temporada turística vai de dezembro a março. Devemos começar (o processo) o quanto antes — diz Guillermo Valles, embaixador do Uruguai no Brasil.
O diplomata avalia que o país, de 3,4 milhões de habitantes, está preparado para iniciar a abertura gradual diante da pandemia por não estar enfrentando picos de contaminação e porque avançou na vacinação: na próxima semana, os uruguaios que receberam o imunizante CoronaVac terão um reforço com a terceira dose de vacina, desta vez da Pfizer. O governo uruguaio anunciou a iniciativa com o objetivo de “reforçar a imunidade”, sobretudo diante dos riscos trazidos pelas novas variantes do coronavírus.
— Vamos fazer todo o possível (para a reabertura). Pude perceber todo o desejo dos nossos irmãos gaúchos de irem ao Uruguai o quanto antes — afirma Valles, que cumpriu agendas em Porto Alegre entre quinta (5) e sexta-feira (6).
O embaixador comentou que o fechamento das fronteiras do país, limítrofe com Brasil e Argentina, foi dramático, embora necessário para preservar a saúde pública.
— Do ponto de vista econômico, foi terrível. Os serviços turísticos estão entre as principais fontes de receita no país. A indústria hoteleira, os restaurantes, os organizadores de eventos e os artistas foram muito impactados. No caso do Uruguai, são setores muito importantes para a economia. O impacto social foi grande — avalia Valles.
Dados do governo do Uruguai indicam que, em 2020, o setor de comércio, alojamentos e consumo de bebidas e comidas registrou recuo de 9,1%. Já o Produto Interno Bruto (PIB) do país, no mesmo período, sofreu queda de 5,9%.
Apesar de ter fechado as fronteiras para conter a pandemia, no plano interno o Uruguai foi menos rigoroso nas medidas de restrição à circulação de pessoas e ao funcionamento das atividades econômicas.
Membro da Comissão Permanente do Mercosul e Assuntos Internacionais, da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Frederico Antunes (PP) diz que as zonas de fronteira seca entre Brasil e Uruguai, caso das cidades de Santana do Livramento e Rivera, são facilitadoras de uma retomada. O parlamentar, que tem base política na fronteira gaúcha, afirma que companhias aéreas já estão em tratativas para a retomada de voos para Montevidéu.
— Há essa expectativa. Com o Uruguai, a relação costuma ser mais fácil por causa dessas peculiaridades. É vizinho ao nosso Estado, tem população menor. Na região de fronteira seca, temos muitos doble chapas (pessoas de cidadania brasileira e uruguaia) que já possuem condições de passar para o outro lado — avalia Antunes.
A reabertura discutida agora diz respeito ao ingresso em solo uruguaio para além das aduanas. Nas zonas de freeshops, como a de Rivera, localizada antes do posto de identificação de estrangeiros, o tradicional turismo de compras já está liberado.