Diante de uma nova onda de coronavírus, os dirigentes da América Latina e da Península Ibérica buscarão uma frente comum para conseguir mais vacinas e financiamento para a recuperação pós-pandêmica, durante uma Cúpula Ibero-Americana semipresencial marcada para quarta-feira (21) em Andorra.
Na sessão plenária da cúpula na tarde de quarta, na cidade andorrana de Soldeu, a grande maioria dos presidentes latino-americanos intervirá de forma virtual, devido à pandemia.
No entanto, a participação será muito ampla: dezesseis dos dezenove líderes da região já confirmaram que falarão na plenária, segundo a organização.
Apenas Jair Bolsonaro, do Brasil, Andrés Manuel López Obrador, do México, e Mario Abdo Benítez, do Paraguai, se recusaram a falar na reunião, que marca três décadas de cúpulas ibero-americanas, desde que foram inauguradas em 1991, no México.
Uma fala esperada e polêmica será a do venezuelano Nicolás Maduro, que falará a países que questionam sua legitimidade - como a Espanha, que exige eleições livres, ou Brasil, Chile, Colômbia e Peru, que consideram o opositor Juan Guaidó como presidente interino.
Para participar de forma presencial, os presidentes da Guatemala e da República Dominicana chegaram a Andorra na tarde desta terça-feira, anfitriões da anterior e da próxima cúpula, assim como os chefes de governo de Andorra, Portugal e Espanha, além do rei deste último país, Felipe VI.
Como medidas sanitárias, além do uso obrigatório de máscaras e de capacidade reduzida, a organização realiza exames diários em todos os participantes, o que permitiu a identificação e isolamento de dez casos entre os funcionários de um hotel em Soldeu antes de entrarem em contato com os convidados, conforme o governo andorrano havia anunciado na segunda-feira.
Uma ampla operação policial vigiava as ruas de Soldeu, uma pequena cidade conhecida por suas pistas de esqui, e de Andorra-a-Velha, a capital do microestado europeu onde foi encerrada nesta terça-feira uma conferência de negócios.
- Vacina "universal" -
Na agenda, os líderes têm como prioridade chegar a um consenso sobre um posicionamento comum diante da pandemia, que volta a atingir com força a América Latina, a segunda região mais enlutada do mundo, com quase 868 mil mortes e 27,3 milhões de casos (com o Caribe incluído), ficando atrás somente da Europa (1 milhão de mortes e 48,2 milhões de casos).
Enquanto a vacinação progride a passos lentos, com a notável exceção do Chile, que já aplicou o esquema de vacinação completa a 35,7% de sua população-alvo, novos recordes de mortes diárias são registrados na Colômbia, Peru e Chile, e de novos casos em países como Argentina e Uruguai.
A cúpula tem como objetivo fazer um pedido firme pelo "acesso universal à vacinação como bem público global" e "fortalecer" o mecanismo Covax, que busca uma distribuição equitativa das vacinas, como informou à AFP a secretária-geral Ibero-americana, Rebecca Grynspan.
Nos eventos anteriores à cúpula, vários presidentes regionais criticaram a desigualdade na vacinação.
"Há uma desigualdade númerica abismal no acesso à vacinação e todos sabemos que para ter uma recuperação global (...), não haverá segurança até que todos estejamos vacinados", estimou o presidente da Costa Rica, Carlos Alvarado.
Alvarado participou por vídeoconferência de uma conversa para impulsionar um "tratado internacional sobre as pandemias", uma iniciativa de 24 países e da OMS para se preparar para futuras crises de saúde.
* AFP