A China se apresentou, nesta quinta-feira (19), como defensora do livre-comércio contra o protecionismo de Donald Trump na abertura da cúpula da APEC, poucos dias após a assinatura do maior acordo comercial mundial promovido por Pequim.
A reunião do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), organizado pela Malásia virtualmente devido à pandemia de coronavírus, reúne 21 economias da bacia do Pacífico, incluindo as duas maiores do mundo - Estados Unidos e China -, que respondem por 60% do PIB mundial total.
México, Peru e Chile são os países latino-americanos que integram este fórum.
A China se tornou a força dominante neste grupo, enquanto os Estados Unidos, desde a eleição de Donald Trump em 2016, deram as costas ao multilateralismo e optaram pelo lema "America First" (EUA primeiro) do atual ocupante da Casa Branca.
A cúpula da APEC ocorre uma semana após a assinatura do maior acordo de livre-comércio do mundo entre a China e outros 14 países da Ásia e do Pacífico.
Pequim considera esta Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP), que não inclui os Estados Unidos nem a Índia, uma verdadeira vitória.
Este acordo concorria com o Acordo de Associação Transpacífico (TPP), promovido pelo ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama, e de cujo projeto Trump retirou os Estados Unidos em 2017.
A região da Ásia-Pacífico está na "vanguarda do crescimento" em um mundo afetado por "múltiplos desafios", incluindo a pandemia de covid-19, declarou o presidente chinês, Xi Jinping, na abertura da cúpula.
O homem forte de Pequim apresentou seu país como o motor do comércio mundial e prometeu "abrir ainda mais as portas" de seu mercado interno.
O poder comunista chinês reitera frequentemente este compromisso, apesar de não hesitar em usar a arma econômica para exercer pressão política quando necessário.
- "Avançar" -
Em meio à deterioração das relações diplomáticas com a Austrália, a China multiplicou, nos últimos meses, as medidas de retaliação contra produtos daquele país, como carne bovina, ou cevada.
Xi Jinping também emitiu um alerta contra o protecionismo.
"Nenhum país se desenvolverá, se mantiver as portas fechadas", afirmou, sem mencionar explicitamente os Estados Unidos.
Durante o mandato de quatro anos de Donald Trump na Casa Branca, as cúpulas da APEC foram afetadas pela guerra comercial sino-americana.
Este confronto entre os dois gigantes resultou em tarifas aduaneiras adicionais recíprocas sobre muitas mercadorias e desestabilizou a economia mundial.
Pequim e Washington assinaram uma trégua comercial em janeiro, pouco antes de o mundo ser paralisado pela pandemia.
"A abertura permite que um país avance, enquanto o isolamento o retarda", disse Xi Jinping, acrescentando que "a China vai cooperar ativamente com todos os países, regiões e empresas que desejam fazê-lo".
"Continuaremos a carregar a bandeira da abertura e da cooperação bem alto", especialmente graças ao nosso "mercado gigantesco", prometeu Xi.
O presidente chinês também denunciou qualquer ideia de "dissociação" econômica com os Estados Unidos, estratégia utilizada pelo governo do presidente Donald Trump para reduzir a dependência de seu país da tecnologia chinesa.
Não há confirmação até o momento se Trump, que insiste em não reconhecer a vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais de 3 de novembro, participará dessa cúpula, ou se os Estados Unidos serão representados por outro dirigente.
* AFP