O presidente do Quirguistão, Sooronbai Jeenbekov, voltou a se negar nesta quarta-feira (14) a se demitir antes da convocação de novas eleições neste país da Ásia Central, mergulhado em uma crise política desde as recentes eleições parlamentares.
O chefe de Estado quirguiz informou que se demitirá "após o retorno da legalidade ao país, de eleições parlamentares e do anúncio de eleições presidenciais", afirmou seu porta-voz, Tolgonai Stamalieva, à AFP.
No poder desde 2017, Jeenbekov afirmou igualmente que "não pode abandonar a Presidência, já que isto poderia acarretar consequências imprevisíveis em detrimento do Estado", acrescentou Stamalieva.
Estas declarações ocorrem após as conversas com o recém-eleito primeiro-ministro e adversário político, Sadyr Japarov, que pediu a saída imediata de Jeenbekov, segundo a Presidência quirguiz.
A nomeação do nacionalista Japarov como primeiro-ministro na semana passada foi validada na quarta-feira pelo Parlamento e depois pelo presidente Jeenbekov - que até agora tinha se negado a apoiar sua nomeação a menos que tivesse a anuência do legislativo, com a maioria de votos requerida e na presença de mais da metade dos deputados - com a esperança de pôr fim à crise.
Japarov cumpria até o começo da semana passada uma longa pena de prisão por ter participado de uma tomada de reféns, quando foi libertado por seus partidários, e aproveitou o caos político para tentar obter o cargo de primeiro-ministro.
A crise política no Quirguistão começou depois das eleições parlamentares do começo de outubro, vencidas por dois partidos pró-presidenciais, mas com acusações de fraude. Seguiram-se vários dias de caos e manifestações violentas que deixaram um morto e mais de mil feridos.
Apesar de Jeenbekov parecer ter perdido o controle do país, sua posição se fortaleceu na terça-feira, após a visita de Dmitri Kozak, chefe-adjunto da administração presidencial da Rússia, que se reuniu com Japarov e Jeenbekov.
Na terça-feira, o Parlamento elegeu seu novo presidente, Kanat Issayev, cujo partido apoia Jeenbekov, o que pareceu indicar que se havia chegado a um acordo.
Mas nesta quarta-feira, 500 partidários de Japarov protestaram contra a eleição de Issayev, segundo um jornalista da AFP, exigindo a nomeação de um aliado de Japarov.
* AFP