O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, chorou ao pedir desculpas por seu desempenho à frente do país, afetado por sanções internacionais, desastres naturais e, mais recentemente, pela pandemia de coronavírus. O gesto raro de emoção, que ocorreu no sábado (10), durante discurso em um desfile militar, foi mais um sinal da crescente pressão sobre o seu regime, segundo analistas.
— Nosso povo depositou confiança em mim, tão alta quanto o céu e tão profunda quanto o mar, mas não consegui sempre viver de acordo com isso de forma satisfatória. Eu realmente sinto muito por isso — disse Kim, segundo o jornal sul-coreano Korea Times.
Pressão
O desfile militar ocorreu na capital Pyongyang para marcar o 75º aniversário do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte. O plano era realizar uma demonstração de poder, ostentando um novo míssil balístico intercontinental e outros equipamentos militares, mas Kim usou grande parte da fala para buscar empatia com a população.
— Meus esforços e sinceridade não foram suficientes para livrar nosso povo das dificuldades em suas vidas — afirmou Kim.
Apesar das evidências do crescente poderio militar da Coreia do Norte, o líder supremo norte-coreano preferiu oferecer apoio às vítimas da covid-19 no mundo inteiro. Durante a pandemia, o comércio da Coreia do Norte com a China, maior parceiro comercial do país, caiu em razão do fechamento das fronteiras.
Embora Pyongyang insista que não tenha registrado nenhum caso do vírus, a economia já afetada por anos de sanções nucleares foi profundamente abalada. O mais perto de um caso registrado oficialmente no país foi uma "possível contaminação" em julho de um cidadão norte-coreano que fugiu para a Coreia do Sul e depois retornou ilegalmente a Pyongyang. A Coreia do Sul, por sua vez, soma mais de 24,7 mil casos, incluindo 433 mortes.
De acordo com o Korea Times, o motivo do choro de Kim está relacionado à pressão sobre sua liderança.
— É importante entender por que ele chorou nesta ocasião. Por trás de sua mensagem, pode-se sentir que Kim está sentindo muita pressão sobre seu governo — disse Hong Min, diretor do setor de Coreia do Norte do Instituto Coreano de Unificação Nacional, ao Korea Times.