O novo emir do Kuwait, Nawaf Al-Ahmad Al-Sabah, prestou juramento nesta quarta-feira (30) para substituir o meio-irmão, o xeque Sabah, que faleceu na terça-feira (29) nos Estados Unidos aos 91 anos, cujo corpo chegou nesta quarta-feira ao rico país petroleiro do Golfo.
Considerado um grande mediador e o arquiteto da política externo do Kuwait moderno, o xeque Sabah reinou durante 14 anos. Ele faleceu na terça-feira em Minnesota (norte dos Estados Unidos), onde estava em tratamento médico desde julho.
O corpo chegou a bordo de um Airbus A340 ao aeroporto do Kuwait, onde estava comitiva com o novo emir e outras autoridades. Todos usavam máscara de proteção contra a covid-19.
O caixão, coberto com a bandeira nacional, foi levado em comboio até a mesquita Bilal ben Rabah para as orações antes do sepultamento.
De acordo com o Palácio Real, o funeral será "limitado aos parentes do emir", uma medida provavelmente destinada a evitar grandes multidões em plena pandemia de coronavírus. O Kuwait iniciou um período de luto nacional de 40 dias.
Algumas horas antes, o novo emir, Nawaf Al Ahmad Al Sabah, 83 anos, prestou juramento no Parlamento.
"Prometo que farei o melhor possível e tudo o que estiver ao meu alcance para preservar o Kuwait, sua segurança e estabilidade, e garantir a dignidade e o bem-estar do povo", declarou, visivelmente emocionado.
O falecido xeque Sabah era considerado um decano da diplomacia em um Golfo atormentado por mais de cinco décadas de crises e conflitos.
Ele atravessou a guerra Iraque-Irã (1980-1988), durante a qual seu país era um aliado de fato de Bagdá. Depois viveu a tempestade da invasão do Kuwait pelas tropas de Saddam Hussein em 1990 e as crises dentro do Conselho de Cooperação do Golfo.
Os líderes mundiais e os kuwaitianos elogiaram o legado do falecido emir, cujo país é um grande aliado dos Estados Unidos e da Arábia Saudita, ao mesmo tempo que mantém boas relações com o Irã.
O xeque Nawaf, que ocupou altos cargos durante décadas neste país membro da OPEP, assume o posto no momento em que o Kuwait enfrenta as consequências da crise do coronavírus, que provocou uma forte queda dos preços do petróleo e graves consequências econômicas para os Estados do Golfo.
Nascido em 1937, o xeque Nawaf é o quinto filho do xeque Ahmed Al-Khaber Al-Sabah, que governou o Kuwait de 1921 até sua morte em 1950. Nomeado príncipe herdeiro em 2006, ele serviu como ministro da Defesa em 1990, no momento da invasão do emirado pelas forças iraquianas de Saddam Hussein.
A guerra do Golfo terminou em 1991 com a intervenção dos Estados Unidos à frente de uma coalizão militar internacional.
Após a libertação do Kuwait, o xeque Nawaf foi nomeado ministro de Assuntos Sociais e Trabalho antes de assumir a presidência da Guarda Nacional em 1994.
Voltou ao governo como ministro do Interior em 2003.
O novo emir é popular na família reinante Al-Sabah e teria sido uma opção de consenso. Também goza de uma reputação de modéstia.
O filho do xeque Sabah e o ex-vice-primeiro-ministro Nasser Sabah Al-Ahmed Al-Sabah, um peso pesado da política kuwaitiana, ocupam posições de destaque para a eventual designação como príncipes herdeiros.
* AFP