O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, ordenou neste sábado (22) a seu ministro da Defesa que tome "medidas mais rígidas" para defender a integridade territorial do país, abalado por um movimento de protestos desde sua polêmica reeleição em 9 de agosto.
Lukashenko, no poder há 26 anos, visitou as unidades militares implantadas no Grodno, no oeste de Belarus, perto da fronteira polonesa, segundo um comunicado publicado no Telegram pela presidência.
O presidente denunciou o movimento de protestos instigado, segundo ele, "pelo exterior", ao chegar no polígono militar em Grodno, região onde estão previstas manobras em larga escala, entre 28 e 31 de agosto.
O presidente ordenou a seu ministro da Defesa que proteja a parte ocidental do país, que chamou de "pérola", e cujo centro está em Grodno.
"E tomar medidas mais rígidas para defender a integridade territorial de nosso país", declarou.
O chefe de Estado afirmou constatar "manobras significativas das forças da Otan na proximidade" das fronteiras bielorrussas, na Polônia e Lituânia.
Neste contexto, Lukashenko anunciou que o conjunto das forças armadas bielorrussas estão em estado de alerta.
Diante das acusações, a Otan negou na noite desta sábado que tenha reforçado a sua presença nas fronteiras e assegurou que todas as reivindicações a este respeito "não têm fundamento".
"Qualquer reclamação sobre um reforço da Otan nas fronteiras com de Belarus é infundada. Como já dissemos claramente, a Otan não representa qualquer ameaça para a Belarus ou qualquer outro país e não foi militarmente reforçada na região", afirmou a porta-voz Oana Lungescu em uma breve declaração.
"Continuaremos vigilantes, preparados para deter qualquer agressão e defender nossos aliados. Pedimos a Minsk que mostre total respeito pelos direitos fundamentais", concluiu a porta-voz da Otan, que destacou que a posição da aliança atlântica é "estritamente defensiva".
As autoridades polonesas, por sua vez, descreveram as declarações de Lukashenko como "propaganda do regime bielorrusso", enquanto o presidente lituano, Gitanas Nauseda, se referiu a elas como "declarações sem fundamento sobre ameaças externas imaginárias".
Lukashenko, que clama ter vencido as eleições com 80% dos votos, enfrenta um movimento de protestos inédito nesta ex-república soviética.
A oposição denuncia fraudes e organiza manifestações diárias em todo o país.
Nesta semana, a oposição formou um "conselho de coordenação" para impulsionar a transição política após a eleição presidencial. Mas as autoridades abriram uma investigação contra, acusando-o de "atacar a segurança nacional".
A líder da oposição, Svetlana Tikhanóvskaya, refugiada na Lituânia, disse na sexta-feira que "o povo bielorrusso nunca aceitará os líderes atuais".
Lukashenko garantiu, também na sexta, que vai "resolver o problema" deste movimento de protestos.
* AFP