A Guarda Costeira italiana anunciou, neste sábado (29), que entrou em contato com o navio "Louise Michel", fretado pelo artista urbano Banksy, e evacuou 49 migrantes, de um total de 219 que se encontram a bordo da embarcação humanitária.
"Levando-se em consideração a periculosidade da situação, a Guarda Costeira enviou, de Lampedusa, um barco de patrulha que evacuou 49 pessoas consideradas mais frágeis, incluindo 32 mulheres, 13 crianças e quatro homens", informou este órgão italiano em um comunicado.
"Louise Michel", que conseguiu socorrer 219 migrantes em duas operações, encontra-se em uma zona de busca e resgate do Estado maltês.
"Devido à deterioração prevista das condições meteorológicas marítimas na região", o barco entrou em contato com a Guarda Costeira da Itália, solicitando ajuda, completou a nota.
Com uma tripulação de apenas dez integrantes, o barco humanitário pediu reforço na madrugada deste sábado, após a morte de um migrante a bordo.
A embarcação fretada por Banksy disse ainda ter resgatado outros 130 migrantes, em meio ao naufrágio de seu bote inflável no Mediterrâneo. Por causa da falta de espaço no "Louise Michel", tiveram de deixar 33 migrantes sobre a balsa.
Com o nome da emblemática figura do anarquismo francês do século XIX, a embarcação está decorada com um grafite de Banksy e foi fretada em segredo pelo artista britânico.
O navio zarpou em 18 de agosto do porto espanhol de Borriana, perto de Valência, de acordo com o jornal britânico "The Guardian".
- Situação dramática
Segundo o site Marinetraffic, o Louise Michel se encontrava na manhã de sábado (noite de sexta no Brasil) parado no mar a uma centena de quilômetros a sudeste de Lampedusa, ilha italiana ao sul da Sicília.
A conta @MVLouiseMichel divulgou uma foto "em um mar muito agitado" de uma operação de assistência ao Sea-Watch 4, outro navio humanitário das ONGs Médicos Sem Fronteiras e Sea-Watch, presente na região desde meados de agosto.
"VAMOS LÁ! Um barco patrocinado por Banksy e pintado por ele, uma equipe experiente procedente de toda Europa, o Louise-Michel já garantiu a segurança de duas operações do Sea-Watch4 e salvou até agora 89 pessoas por seus próprios meios. Estamos muito satisfeitos com este reforço rosa!", publicou no Twitter a ONG Sea-Watch.
Com 201 migrantes a bordo e à espera de um porto de acolhimento, o "Sea-Watch 4" também se dirigiu para o "Louise-Michel", mais cedo neste sábado, diante da "falta de reação" das autoridades, disse à AFP um porta-voz da ONG alemã Sea-Watch.
"Temos uma clínica a bordo do 'Sea-Watch 4' e vamos ver como podemos ajudar. Talvez também possamos levar migrantes a bordo, embora devamos respeitar os procedimentos da covid", afirmou o responsável pelas questões humanitárias de MSF na Holanda, Hassiba Hadj-Sahraoui.
Em paralelo, o coletivo de esquerda italiano Mediterrânea anunciou o envio do navio "Mare Ionio", atualmente no porto de Augusta, na Sicília, para socorrer o "Louise-Michel".
Este grupo também criticou a falta de resposta dos governos de Itália e Malta diante do "perigo iminente de morte" enfrentado pelos migrantes.
"A situação é dramática (...) São muitas mulheres e crianças. Muitas pessoas sofrem graves problemas médicos, devido à queima de combustível e a todas as horas passadas no mar", alertou o coletivo em um comunicado.
* AFP