O ministro da Educação, Abraham Weintraub, compareceu na tarde desta quarta-feira (4) à sede da Policia Federal, em Brasilia, para prestar esclarecimentos no inquérito que apura se ele cometeu crime de racismo ao fazer declarações jocosas contra a China em uma rede social.
O ministro passou cerca de 20 minutos no prédio da PF. Na saída, uma claque o aguardava, e Weintraub foi carregado nos braços. Ele pegou o megafone de um dos militantes e fez uma rápida declaração:
— Gente, eu quero dizer só uma coisa para vocês. A liberdade é a coisa mais importante da democracia, e a primeira coisa que vão tentar calar é a liberdade de expressão.
O inquérito tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) sob a relatoria do ministro Celso de Mello. O titular da Educação recorreu ao tribunal na tentativa de evitar o depoimento, mas não teve sucesso. Na PF, optou por entregar uma manifestação por escrito e não respondeu a perguntas. Anteriormente, quando falou à corporação sobre uma declaração na reunião ministerial, na qual disse que o governo deveria "colocar esses vagabundos na cadeia", ele ficou em silêncio.
Na postagem que motivou a investigação, o ministro usou o personagem Cebolinha, da Turma da Mônica, para fazer chacota da China.
"Geopolíticamente, quem podeLá saiL foLtalecido, em teLmos Lelativos, dessa cLise mundial? PodeLia seL o Cebolinha? Quem são os aliados no BLasil do plano infalível do Cebolinha paLa dominaL o mundo? SeLia o Cascão ou há mais amiguinhos?", escreveu o membro do gabinete do presidente Jair Bolsonaro, trocando a letra "r" por "l", assim como na criação de Mauricio de Sousa.
A mudança das letras ridiculariza o sotaque de muitos asiáticos ao falar português. Ele, posteriormente, apagou a publicação, que também sugeria que a China poderia ter ganhos com a crise da Covid-19.
O grupo de apoiadores de Weintraub chegou à porta da PF bem antes dele. Nesta mesma tarde, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), investigada no inquérito da fake news, também sob a responsabilidade do STF, tinha agendado um depoimento no mesmo local. A parlamentar preferiu não responder às perguntas dos investigadores, alegando não ter tido ainda o acesso ao autos do inquérito.