O embaixador da Grã-Bretanha no Irã, Rob Macaire, cuja prisão no sábado (11) em Teerã foi denunciada por Londres, negou neste domingo (12) ter participado de qualquer manifestação contra as autoridades, conforme noticiado por alguns meios de comunicação iranianos.
"Posso confirmar que não participei de nenhuma manifestação", escreveu Macaire em sua conta no Twitter. "Eu fui a um evento anunciado como uma vigília para as vítimas da tragédia (do voo) #PS752" da Ukraine International Airlines, que foi abatido perto de Teerã na quarta-feira por um míssil iraniano", acrescentou.
A República Islâmica reconheceu no sábado sua responsabilidade nesta catástrofe, na qual 176 pessoas morreram, e que causou uma onda de indignação no Irã, após as insistentes negações das autoridades à tese do míssil avançada desde quarta-feira por Ottawa.
É "normal querer prestar homenagem", escreveu Macaire, principalmente porque "algumas das vítimas eram britânicas". "Saí do local depois de cinco minutos, quando algumas pessoas começaram a lançar palavras de ordem contra as autoridades", disse ele em mensagens em inglês e persa.
O ministro das Relações Exteriores britânico, Dominic Raab, anunciou no sábado à noite, sem mais detalhes, que Macaire havia sido preso.
— A prisão de nosso embaixador em Teerã sem fundamento ou explicação é uma violação flagrante do direito internacional — afirmou ele.
Segundo o Daily Mail, o embaixador foi preso por supostamente "incitar" manifestantes em Teerã que expressaram sua ira contra as autoridades após o desastre. Muitas das vítimas eram iranianas. Ele foi libertado cerca de uma hora depois, segundo a fonte.
Manifestação de estudantes
As autoridades iranianas ainda não fizeram comentários sobre o incidente. Durante a noite, a agência iraniana Tasnim, próxima dos ultraconservadores, informou que o embaixador havia sido detido por várias horas. Segundo a agência, ele foi interrogado por seu envolvimento em "atos suspeitos" durante uma manifestação em frente à Universidade Amir Kabir de Teerã.
A polícia iraniana dispersou no sábado à noite estudantes que gritavam palavras de ordem "destrutivas" e "radicais" em uma reunião em memória das vítimas do acidente, segundo a Fars, uma agência próxima aos ultraconservadores. Segundo jornalistas da AFP que cobriam a vigília, a reunião se transformou em manifestação de raiva.
A multidão denunciou "os mentirosos" e exigiu processos contra os responsáveis pela tragédia e aqueles que, segundo os manifestantes, tentaram encobri-los. Segundo a Fars, a polícia dispersou o protesto quando os estudantes deixaram a universidade para sair na rua.
Neste domingo, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, criticou a breve detenção do embaixador britânico no dia anterior em Teerã e lançou um apelo à distensão. "Muito preocupado com a detenção temporária do embaixador do Reino Unido @HMATehran no Irã. É necessário o maior respeito pela Convenção de Viena. A UE pede distensão e espaço para a diplomacia", disse Borrell em mensagem no Twitter.