Depois de realizar uma sessão extraordinária neste sábado (19) para discutir a saída do Reino Unido na União Europeia, o parlamento britânico votou por uma emenda que adia a decisão sobre o Brexit para a semana que vem.
Foram 322 votos a favor e 306 contra a emenda, frustrando o que pretendia o primeiro-ministro Boris Johnson. A emenda prevê que Johnson solicite a Bruxelas um novo prazo, de mais 90 dias, para que o Reino Unido deixe de fazer parte do bloco europeu. Atualmente, a saída está marcada para 31 de outubro.
A emenda votada foi proposta pelo parlamentar Oliver Letwin, que solicita aprovação de toda a legislação necessária para que o Brexit seja implementado.
Derrotado, Johnson disse que não vai pedir novo adiamento para a União Europeia.
— Não negociarei um atraso com a União Europeia e a lei não me obriga a fazê-lo — disse o primeiro-ministro.
Segundo o jornal britânico The Guardian, a tendência é que o governo adie a votação do acordo para terça-feira (22). Líder da oposição, Jeremy Corbyn comemorou a decisão e disse que Johnson deve cumprir a lei e pedir novo prazo. O jornal também definiu o resultado da votação como "derrota humilhante" para o primeiro-ministro.
Diante da guinada do parlamento britânico, a Comissão Europeia em Bruxelas disse que "Londres precisa informar o mais rápido possível como proceder".
Durante a sessão extraordinária deste sábado — a primeira desde 1982, quando o parlamento se reuniu para discutir a Guerra das Malvinas — a população foi às ruas para se manifestar. Milhares de pessoas marcharam pelo centro de Londres pedindo um "voto do povo", que indica a possibilidade de reverter o Brexit. O que eles desejam é um segundo referendo que reverta o primeiro, feito em 2016, quando o Brexit ganhou com 52% dos votos da população.
Naquele ano, a população decidiu que o Reino Unido deveria sair do bloco europeu, o que deveria ser cumprido até março de 2019. Líder do Brexit, o primeiro-ministro David Cameron renunciou após conseguir a vitória no referendo. Foi sucedido por Theresa May, que negociou a separação por três vezes, e nas três foi rejeitada pelo parlamento britânico. O adiamento também lhe custou o cargo, que teve de abandonar em junho deste ano.
Nesse contexto, Johnson se vê em situação de risco, porque seu plano pode ser rejeitado pelo parlamento, tal qual aconteceu com May.
— Estaríamos em uma situação muito complicada — reconheceu o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.