A Justiça britânica vai decidir sobre o pedido dos Estados Unidos para extraditar o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, para julgá-lo por espionagem, durante uma audiência marcada para o final de fevereiro de 2020, decidiu uma juíza de Londres. A sessão deve acontecer no fim de outubro para decidir qual tribunal estudará o pedido americano.
Assange não esteve presente no tribunal — onde cerca de 20 pessoas protestaram por sua liberdade —, mas seguiu o procedimento por videoconferência da prisão de Belmarsh, no sudeste de Londres, onde cumpre uma condenação de 50 semanas. A sentença foi imposta pela violação de sua liberdade condicional, quando, em 2012, refugiou-se na embaixada do Equador em Londres.
— 175 anos da minha vida estão em jogo — disse ele, segundo a agência de notícias britânica PA, afirmando que "o WikiLeaks é apenas uma publicação".
Os Estados Unidos apresentaram 18 acusações contra o australiano, de 47 anos, que viveu quase sete anos refugiado na representação diplomática equatoriana. Lá, foi detido em 11 de abril pelas autoridades britânicas depois que Quito retirou o asilo concedido pelo ex-presidente Rafael Correa.
Das 17 acusações dos Estados Unidos contra Assange, 16 estão no âmbito da Lei de Espionagem e se referem à obtenção e à difusão de informação sigilosa por parte do WikiLeaks. Em 2010, a plataforma vazou cerca de 250 mil telegramas diplomáticos confidenciais e meio milhão de documentos secretos.
Uma acusação em separado diz respeito a suspeitas de atividades de ciberpirataria. Se for condenado por todas as acusações, pode ser sentenciado a até 175 anos de prisão.
Os advogados de Assange poderão recorrer da decisão que a Justiça britânica tomar em fevereiro. Eles já anunciaram sua determinação de lutar até o fim para evitar que seja entregue aos Estados Unidos.
A leitura "dessa ata de acusação é muito reveladora da natureza de toda essa história", afirmou na terça-feira a editora-chefe do WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson, ressaltando que a legislação contraespionagem invocada pela Justiça americana é um "quadro jurídico arcaico", que "nunca foi usado contra uma publicação e um jornalista antes".