Quando se autoproclamou presidente interino da Venezuela, o líder parlamentar da oposição, Juan Guaidó, desafiou o governo socialista de Nicolás Maduro.
Na luta entre os dois pelo poder, esses são seus principais apoiadores:
Maduro
- Militares:
Eles são considerados a espinha dorsal do governo e na quinta-feira reafirmaram seu apoio a Maduro, denunciando um "golpe de Estado" em andamento.
Dos 32 ministros, nove são militares e dirigem ministérios como Defesa, Interior, Agricultura e Alimentação, além da petroleira PDVSA - responsável por 96% das receitas do país - e o serviço de inteligência. Eles também controlam uma emissora de televisão, um banco e uma montadora de veículos, entre outras empresas.
- Credores e aliados internacionais:
A China, principal credor da Venezuela, com cerca de 20 bilhões de dólares, se opôs na quinta-feira à "interferência externa", após o apoio dos Estados Unidos e de outros países a Guaidó.
A Rússia é o segundo credor de Caracas e também o apoia militarmente: em dezembro, enviou dois bombardeiros e cem oficiais a Caracas para exercícios conjuntos. O presidente Vladimir Putin ligou para Maduro para expressar seu "apoio".
Países como Turquia, Cuba, Bolívia, Uruguai e México continuam a reconhecer Maduro, de 56 anos, que também tem Irã e Coreia do Norte entre seus aliados.
- Justiça:
O Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) é de linha oficialista. Os seus membros foram nomeados pela antiga maioria parlamentar chavista, em dezembro de 2015, dias antes de a oposição assumir o controle do Parlamento.
Desde 2016, declarou o Legislativo em desacato e anula todas as suas decisões. Reiterou seu apoio a Maduro na quinta-feira.
O procurador-geral Tarek William Saab também apoiou o governante socialista.
- Assembleia Nacional Constituinte:
Foi convocada por Maduro depois de quatro meses de protestos da oposição que deixaram cerca de 125 mortos em 2017. É composta apenas por oficialistas e tem poderes absolutos. Assumiu as funções do Parlamento na prática.
A oposição recusou-se a participar da eleição para escolher esse organismo, porque considerou "ilegal" sua convocação.
- Poder Eleitoral:
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) é presidido por Tibisay Lucena, abertamente chavista e em cuja gestão vários partidos da oposição foram desabilitados.
Na quinta-feira fez uma declaração endossando Maduro.
Decisões do CNE e da justiça frearam um referendo para destituir Maduro em 2016.
Alegando falta de garantias e imparcialidade, os principais partidos da oposição mantiveram-se à margem das últimas eleições, incluindo as eleições presidenciais de 20 de maio de 2018, quando Maduro foi reeleito e que denunciaram como "fraudulentas".
Guaidó
- EUA:
Os Estados Unidos, vários países da América Latina e a União Europeia não reconheceram a reeleição de Maduro.
Assim que Guaidó se autoproclamou presidente interino na quarta-feira, Donald Trump o reconheceu.
Ele foi seguido por uma dúzia de outros países americanos, como o Brasil, a Colômbia e a Argentina.
A União Europeia pediu "um processo político que leve a eleições livres e confiáveis", sem reconhecer Guaidó. Mas a Espanha e a Alemanha disseram nesta sexta-feira que estão dispostos a reconhecê-lo se Maduro não convocar eleições rapidamente.
O Reino Unido já expressou seu apoio ao opositor.
O secretário-geral da OEA, o uruguaio Luis Almagro, também reconheceu Guaidó como presidente interino.
- Parlamento:
Com uma maioria de oposição, o atual Parlamento foi eleito em 2015, quando a coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD) provocou ao chavismo a maior derrota eleitoral de sua história.
Depois de assumir o cargo em 5 de janeiro, Guaidó, de 35 anos, começou a pressionar por um "governo de transição" e novas eleições, conclamando os militares a romperem com o governo em troca de anistia.
O Parlamento então declarou Maduro "usurpador" e Guaidó disse na quarta-feira que assumia os poderes do líder socialista. Os deputados, no entanto, são atados pelas decisões do TSJ.
- Justiça no exílio
Um tribunal supremo de justiça paralelo, nomeado pela maioria parlamentar opositora e que está no exílio, comemorou a "vontade" de Guaidó de assumir como presidente interino.
A procuradora-geral destituída Luisa Ortega, que fugiu da Venezuela em agosto de 2017 após ter sido expulsa de seu cargo pela Constituinte, expressou seu "apoio e reconhecimento" ao "novo presidente" Guaidó.
"Conte com o Ministério Público legítimo para restabelecer a democracia", ressaltou.
* AFP