Doze agentes russos de Inteligência foram denunciados nos Estados Unidos por pirataria de informática do partido Democrata em 2016, anunciou nesta sexta-feira (13) o procurador-geral adjunto, Rod Risenstein.
A denúncia foi elaborada pelo procurador especial Robert Mueller, que conduz uma investigação sobre a alegada ingerência da Rússia na campanha para as eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2016.
O anúncio dessas denúncias veio à tona a poucos dias da reunião do presidente Donald Trump com o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, em Helsinque, na próxima segunda-feira.
De acordo com Rosenstein, os 12 agentes russos de Inteligência foram acusados de "conspirar para interferir nas eleições presidenciais de 2016", incluindo a pirataria dos e-mails internos do partido Democrata.
Tratou-se de uma "cyber-operação de grande escala" para roubar informação interna do partido Democrata, disse o funcionário, que informou que na denúncia não há nenhuma informação sobre a participação de algum cidadão americano.
Por isso, 11 dos agentes foram também acusados de "conspirar para invadir computadores, roubar documentos, e distribuir documentos na intenção de interferir" na eleição.
O outro agente foi acusado de "conspirar para infiltrar-se em computadores de entidades na organização das eleições".
Em março de 2016, em plena campanha eleitoral, o então presidente do Diretório Nacional do partido Democrata, John Podesta, recebeu um e-mail aparentemente verdadeiro, e ao lê-lo clicou em um link contido no documento.
O documento era falso e a partir dessa falha de segurança os que iniciaram o hackeamento se apoderaram de milhares de e-mails do partido, que posteriormente foram divulgados pelo site WikiLeaks.
Segundo as autoridades de inteligência dos EUA, o grupo de hackers 'Fancy Bear', que tem relações com a inteligencia russa, foi responsável do ataque.
A divulgação dos e-mails expôs as divisões no interior do partido Democrata em plena campanha eleitoral, e os esforços de sua direção para favorecer a candidata Hillary Clinton em detrimento do senador Bernie Sanders.
Nesta sexta-feira, Rosenstein disse que a denúncia não inclui "nenhuma alegação de que a conspiração mudou a contagem dos votos ou afetou o resultado da eleição".
- Pratos quebrados antes da cúpula -
De acordo com Rosenstein, ele mesmo informou Trump sobre as acusações antes de formular seu anúncio desta sexta, mas politicamente o dano já estava consumado ante a proximidade da reunião com Putin.
O líder da bancada do partido Democrata no Senado, Chuck Schumer, pediu imediatamente que o governo cancele a reunião com o presidente russo.
"O presidente Trump deve cancelar esta reunião com Vladimir Putin até que a Rússia dê passos demonstráveis e transparentes para garantir que não interferirá em futuras eleições", apontou o senador em uma nota oficial.
Insistir nessa reunião seria "um insulto à nossa democracia", acrescentou.
Dois senadores do partido Republicano, Ben Sasse e Rob Portman, também expressaram sua preocupação diante da gravidade dos anúncios de Rosenstein, mas não chegaram ao ponto de pedir que a reunião de Helsinki seja cancelada.
Um grupo de 15 membros democratas da Câmara de Representantes tornaram pública uma carta urgente a Trump pedindo que cancele a reunião com Putin.
Na mensagem, os legisladores alegaram que "o presidente Putin apenas oferecerá mentiras e promessas vazias".
Enquanto isso, Trump, que está em Londres, se referiu a essa situação durante um encontro com a imprensa, quando assegurou que discutirá com Putin as acusações de ingerência.
Para Trump, a investigação conduzida por Mueller sobre o papel da Rússia na eleição de 2016 e o suposto conluio com seu próprio comitê de campanha não é mais do que uma "caça às bruxas".
* AFP