Um avião operado pela linha aérea Cubana de Aviación caiu nesta sexta-feira (18) pouco depois de decolar de Havana, com 110 pessoas a bordo, incluindo seis tripulantes mexicanos, e os socorristas resgataram três mulheres com vida.
As três sobreviventes se encontram em estado crítico, informou à TV cubana o médico Carlos Martínez, diretor do hospital Calixto García de Havana.
O Boeing 737 que fazia a rota Havana-Holguín levava 104 passageiros e era tripulado por seis mexicanos: os dois pilotos, três comissários e o técnico, informou a empresa Global Air, também conhecida como Aerolíneas Damojh.
A maioria dos passageiros a bordo tinha nacionalidade cubana, mas também havia estrangeiros, como dois argentinos, segundo informações extraoficiais.
Os familiares das vítimas foram recebidos inicialmente em uma área do aeroporto e depois levados para uma escola de pilotos. Alguns estão vindo de Holguín para reconhecer os corpos de seus parentes.
O governo cubano decretou luto oficial de dois dias.
"As notícias não são nada boas, parece que há um alto número de vítimas", disse à AFP o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, após chegar ao local do acidente e supervisionar o resgate.
Anteriormente, o presidente cubano havia detalhado que "104 passageiros e nove tripulantes" viajavam a bordo do avião.
"Durante a decolagem aparentemente houve uma falha e ele caiu", informou a Secretaria de Comunicações e Transportes do México.
Localizado a 100 metros do local da queda, jornalistas da AFP comprovaram que o avião estava destruído e em chamas sobre uma plantação, perto do aeroporto.
"O avião virou um monte de ferragens, materiais carbonizados e corpos. Caiu sobre um plantio de batata-doce, a 200 metros das primeiras edificações. Caminhões-tanque apagaram o fogo. Cerca de 20 ambulâncias se movem no local", explicou um repórter da AFP.
De acordo com informações prévias da televisão estatal cubana, "a aeronave caiu entre Boyeros e Santiago de Las Vegas (dentro da cidade).
- "Já hospitalizados" -
José Luis, de 49 anos, mora no entorno do aeroporto, e do supermercado onde trabalha, a 300 metros do local do acidente, é possível ver as aeronaves que decolam do José Martí. "Eu estava vendendo pão e cerveja no mercado. De repente, vejo que (o avião) sai, deu voltas e caiu lá embaixo. Todos nos espantamos", relatou.
Imagens da TV cubana mostravam brigadas de resgate trabalhando no local do acidente e retirando em uma maca o que parecia ser um sobrevivente. Uma forte chuva começava a cair sobre a capital cubana.
Em declarações à televisão local, o presidente Díaz-Canel enviou suas condolências às famílias atingidas, e afirmou que "a resposta foi imediata. Em pouco tempo as principais autoridades estiveram aqui".
"Tudo está organizado aqui, o fogo foi apagado e estão identificando os restos" mortais, assinalou. "O aeroporto se mantém em operação. Tenho que dizer também que a população local agiu com muito disciplina e está cooperando nas tarefas de ajuda".
O setor está isolado pela polícia. Policiais uniformizados e à paisana impedem o acesso.
O líder cubano Raúl Castro, que se recupera de uma operação cirúrgica de uma hérnia, enviou condolências aos familiares das vítimas.
Raúl Castro "se mantém a par da situação, Ele já deu as indicações pertinentes. Ele também pediu para transmitir condolências aos parentes das vítimas desse acidente catastrófico", disse o comunicado.
Os presidentes de Venezuela, Nicolás Maduro; Rússia, Vladimir Putin; e Colômbia, Juan Manuel Santos, entre outros, expressaram suas condolências e solidariedade com o povo cubano.
"Nossa palavra de condolência às famílias das vítimas do fatal acidente aéreo de hoje em Havana. Força e paz para eles nesse momento de dor. Vocês têm todo o nosso apoio", disse Maduro em mensagem publicada pela imprensa local.
O último acidente aéreo na ilha havia ocorrido em 29 de abril de 2017, quando um avião de transporte das Forças Armadas caiu com oito militares a bordo. O AN-26, de fabricação russa, bateu em uma montanha baixa, 90 Km a oeste de Havana.
Um avião da companhia aérea cubana Aerocaribbean caiu em 4 de novembro de 2010, com 68 pessoas a bordo, sendo 28 estrangeiros, quando fazia a rota entre Santiago de Cuba (leste) e Havana. Não houve sobreviventes.
* AFP