O ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, exortou nesta quinta-feira Estados Unidos e Coreia do Norte a iniciar um diálogo o mais cedo possível, depois que Pyongyang e Seul concordaram em celebrar uma cúpula sobre a crise nuclear.
"Lançamos um apelo a todas as partes, especialmente aos Estados Unidos e Coreia do Norte, para que entrem em contato e dialoguem o mais cedo possível", declarou Wang Yi em entrevista coletiva.
"A questão em torno da Península coreana finalmente deu um passo importante na boa direção".
O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e o líder norte-coreano, Kim Jong Un, celebrarão uma cúpula na chamada Zona Desmilitarizada (DMZ) no próximo mês, acertada com a delegação sul-coreana na recente visita histórica a Pyongyang.
Durante a visita, Kim prometeu à delegação de Seul que o Norte deterá seus testes nucleares e de mísseis por ocasião da cúpula.
"A questão em torno da Península coreana finalmente deu um passo importante na boa direção", avaliou o chanceler chinês.
Mas Wang recordou que no passado houve avanços neste sentido que fracassaram.
"Apesar de se ver a luz no fim do túnel, a viagem não será tranquila. A história nos lembra que uma vez ou outra, enquanto persistir a tensão na península, a situação pode se complicar por várias interferências".
"Agora chegou o momento crucial de se testar a sinceridade das partes para resolver o tema nuclear".
Na mesma entrevista, Wang Yi declarou que Pequim adotará "sem dúvida uma resposta apropriada e necessária diante de possíveis sanções comerciais americanas", em referência às taxações anunciadas por Washington sobre as importações de aço e alumínio.
"Nesta nossa era globalizada, os que recorrerem a uma guerra comercial vão estar escolhendo o remédio equivocado, e não conseguirão outra coisa que penalizar outros e eles mesmos", acrescentou Wang sobre as tarifas anunciadas pelo presidente americano, Donald Trump.
O anúncio de que os Estados Unidos aplicarão tarifas de até 25% sobre as importações do aço e de 10% sobre o alumínio deflagrou uma onda global de incerteza e os temores de uma guerra comercial de consequências imprevisíveis.
Quanto ao tema principal, o diálogo pedido por Pequim, o secretário de Estado americano Rex Tillerson afirmou nesta quinta-feira, em Adis Abeba, que Estados Unidos e Coreia do Norte ainda estão longe de negociações diretas sobre o programa nuclear de Pyongyang.
"No que diz respeito a discussões diretas com Estados Unidos (e Coreia do Norte), ainda estamos longe de negociações, devemos ser muito lúcidos e realistas sobre este ponto", disse Tillerson na capital da Etiópia, primeira etapa de uma viagem pela África.
"Como o presidente Trump indicou, há sinais potencialmente positivos procedentes da Coreia do Norte por seu diálogo com a Coreia do Sul", completou.
Mas o chefe da diplomacia americana reduziu a importância das declarações.
Uma primeira etapa seria ter "discussões sobre discussões" para ver se "as condições estão corretas antes de começar a pensar em negociações", destacou Tillerson.
Trump celebrou os sinais de abertura da Coreia do Norte a respeito da possibilidade de um diálogo com os Estados Unidos, mas pediu prudência e reafirmou que todas as opções estão sobre a mesa.
* AFP