Enquanto os trekkers do mundo inteiro esperam ansiosos pelo lançamento da nova série derivada de "Star Trek", a primeira em mais de uma década, um fã famoso está mais interessado em lançar torpedos fotônicos ferinos contra a saga cult que completou 50 anos.
A série de ficção científica "The Orville", paródia idealizada por Seth MacFarlane, criador premiado de animações como "Uma família da pesada", estreia duas semanas antes de "Star Trek Discovery", e os críticos já percebem incríveis semelhanças entre as obras.
Para começar, a série, que estreia na Fox no dia 10 de setembro, lembra muito "Star Trek: A Novação Geração", com exceção dos uniformes azuis.
Quando foi apresentada na coletiva de imprensa da Associação de Críticos de Televisão, os jornalistas questionaram se a Fox não estaria preocupada com ser processada.
"A intenção de Seth é fazer algo que claramente presta homenagem a 'Star Trek'", explicou a CEO da Fox Television, Dana Walden.
"Ele também recorda o 'Além da Imaginação', uma série que examinava a condição humana no futuro, embora com histórias de teor mais moralista", acrescentou.
Situada 400 anos no futuro, a criação de MacFarlane acompanha as aventuras da U.S.S. Orville, uma nave de exploração com uma tripulação que enfrenta as maravilhas e os perigos do espaço profundo, assim como problemas mais mundanos.
Abalado depois de um divórcio difícil, o oficial da União Planetária, Ed Mercer, interpretado pelo próprio MacFarlane, finalmente consegue a chance de comandar sua própria nave.
Determinado a provar seu valor, seu primeiro revés acontece quando o primeiro oficial designado para sua nave é ninguém menos do que sua ex-mulher, Kelly (Adrianne Palicki).
- Leveza -
Ed também tem de lidar com uma tripulação de aparência estranha, incluindo Bortus, um alienígena de uma espécie que tem apenas um sexo, uma forma de vida artificial oriunda de uma sociedade de máquinas e uma criatura gelatinosa.
Não é apenas na premissa que "The Orville" tem similaridades com a cultuada "Star Trek".
Muitos dos membros da equipe são antigos colaboradores da série criada por Gene Roddenberry nos anos 1960, como o experiente produtor Brannon Braga, da "Nova Geração", de 1990, e que também atuou como consultor criativo de três das quatro séries derivadas da original.
E a bordo também está Robert Duncan McNeill, que trabalhou em "Star Trek Voyager", e Jonathan Frakes, que interpretou o comandante Will Riker, na "Nova Geração".
Embora tenha sua cota de piadas, a série está mais para uma "dramédia" do que para uma paródia escancarada à la "S.O.S. Tem um louco solto no espaço" (1987), de Mel Brooks, como sugere o Departamento de marketing.
"Com é um programa de uma hora de duração, não pode ser 'kkkkk' o tempo todo", afirma MacFarlane, um trekker ardoroso e confesso.
"Criamos uma ficção científica cômico-dramática. Deixamos espaço para a leveza que muitos programas de ficção científica não têm. Estamos tentando explorar um novo terreno", explicou.
Concebida em um período de programas mais leves, a série original de "Star Trek" era imbuída de um grande otimismo em relação ao futuro da Terra, mas, ao mesmo tempo, abordava temas delicados para sua época, como Guerra Fria, racismo e religião.
Tanto que é considerada o primeiro produto de contracultura da TV americana e era elogiada por nomes de peso como Martin Luther King e Isaac Asimov.
- Pesadelo -
Na coletiva, MacFarlane explicou ainda que queria fazer uma ficção científica de tom mais leve, acrescentando que nem toda obra tem de ser "Jogos Vorazes", ou apresentar sempre um cenário de pesadelo.
"Estou cansado de ver coisas sombrias e pessoas sendo mortas por comida", desabafou.
"Sinto falta do lado esperançoso da ficção científica. Agora, as coisas são muito pesadas", completou.
Ele destacou ainda que sua série terá um tom bem diferente do que aparentemente promete ser "Discovery".
"Acho que eles escolheram uma direção diferente, e isso tem funcionado muito bem nos últimos anos. O que aconteceu é que, por um tempo, esse espaço ficou relativamente vago. De muitas maneiras, 'James Bond' também adotou um tom diferente do 'James Bond' clássico e, depois, 'Homem de Ferro' seguiu o mesmo caminho", comparou.
"The Orville" deve alcançar um público maior do que "Discovery", já que a Fox é um canal aberto.
"Discovery" será exibido pelo serviço de streaming da CBS a partir de 24 de setembro, abrangendo um público mais específico.
"Acho que existe lugar para duas séries passadas numa nave espacial. Sempre houve mais de dois seriados sobre tiras ao mesmo tempo no ar", brincou o produtor-executivo de "The Orville", David Goodman.
* AFP