O governo venezuelano chamou de "fraude", nesta segunda-feira (17), o plebiscito simbólico da oposição contra o presidente Nicolás Maduro e advertiu que o seu resultado não irá deter a Assembleia Constituinte.
– Acaba de ser superada a maior fraude da história da Venezuela – disse o chefe de campanha da Constituinte, Jorge Rodríguez, em coletiva.
Ex-presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Rodríguez questionou o número de 7,2 milhões de pessoas que, segundo a oposição, votaram contra Maduro e a Constituinte. Para ele, muito menos pessoas participaram de um processo que, lembrou, não é legalmente vinculante por não ter sido organizado pelo CNE.
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Em sua denúncia de "fraude", Rodríguez enumerou supostas inconsistências que, segundo ele, põem em xeque os resultados, como a falta de um registro eleitoral e o fato de os cadernos eleitorais terem sido queimados diante de possíveis represálias do governo. Assegurou também que foram somados "900 mil votos nulos".
Segundo disse, no registro oficial há 102 mil venezuelanos que podem votar no Exterior, mas "eles dizem que 693 mil votaram".
– Na Austrália, vivem 1 mil venezuelanos e 7 mil votaram – acrescentou Rodríguez, ironizando que lá "até os cangurus votaram".
O também prefeito do município de Libertador reiterou que, em todo caso, em 30 de julho, mesmo que "chova, troveje ou relampeje", os 545 membros da Constituinte serão eleitos. A oposição considera a iniciativa uma manobra de Maduro para instaurar "uma ditadura".
Para Rodríguez, ao estar abaixo das previsões de alguns dirigentes opositores, a votação é uma mensagem para parar com "a violência" nos protestos contra Maduro, que já deixaram 96 mortos desde 1º de abril.
Outro influente líder do governo, Diosdado Cabello, chamou a consulta de "absolutamente ilegal".