Jared Kushner, genro e assessor próximo do presidente norte-americano, Donald Trump, reconheceu nesta segunda-feira (24) que se reuniu quatro vezes com funcionários russos durante a campanha eleitoral de 2016, mas negou qualquer complô orquestrado para levar o sogro à Casa Branca.
De acordo com um comunicado enviado à imprensa americana e divulgado poucas horas antes de seu testemunho no Senado, Kushner descreveu contatos com o embaixador russo nos Estados Unidos, Sergei Kislyak, e com outros funcionários russos como algo normal em seu papel de mediador da campanha do então candidato Trump com os governos estrangeiros.
"Não cometi complô e não conheço ninguém na equipe de campanha que tenha cometido complô com qualquer governo estrangeiro", escreveu Jared Kushner no documento de 11 páginas que deverá ler diante de uma comissão do Senado nesta segunda-feira.
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"O caso russo" assombra o governo de Donald Trump desde que o republicano chegou à Casa Branca, em razão das suspeitas de conluio de membros de sua equipe mais próxima. Alguns omitiram os contatos que tiveram com autoridades russas ao longo da campanha presidencial.
A ambiguidade de Trump sobre a questão também tem fragilizado a defesa de seus aliados. No domingo, o novo diretor de comunicação do republicano, Anthony Scaramucci, indicou que o presidente não está convencido da intervenção de Moscou na eleição presidencial, conforme apontado por agências da comunidade de Inteligência dos EUA.
Trump também alardeou as repetidas negativas do presidente russo, Vladimir Putin, após seu encontro bilateral no G20, em Hamburgo, no início de julho.
Sem contatos inapropriados
"Eu não tive contatos inapropriados. Eu não dependi de fundos russos para financiar meus negócios no setor privado", deve declarar Kushner, conforme antecipado para os jornais.
Jared Kushner – que é o marido de Ivanka Trump, filha do presidente e também uma das conselheiras do pai na Presidência – também deve depor na terça-feira (25) diante de uma comissão da Câmara de Representantes.
Desde maio, uma equipe independente de investigadores liderada pelo promotor especial e ex-diretor do FBI Robert Mueller tenta determinar se existem ligações entre a suposta ingerência da Rússia na última eleição americana e ex-responsáveis pela campanha de Donald Trump, membros de sua família e, talvez, o próprio presidente. O Senado e a Câmara dos Deputados conduzem investigações separadas sobre o caso.
Quanto ao filho mais velho do presidente, Donald Trump Jr., e ao ex-gerente de campanha Paul Manafort, ambos estão negociando com a Comissão de Justiça do Senado para dar suas versões dos acontecimentos.
Trump Jr. e Manafort negociam sobre fornecer à comissão qualquer documento relacionado aos contatos com a Rússia e tentam definir os parâmetros de seu testemunho perante a comissão. Inicialmente, o depoimento deve ser em privado, antes de qualquer audiência pública, segundo dois funcionários da comissão, o republicano Chuck Grassley e a democrata Dianne Feinstein.
Uma audiência sobre a Rússia será realizada na quarta-feira (26) nesta comissão, mas a participação de ambos, que foram convidados, não foi confirmada. A comissão se reserva o direito de lançar intimações para obrigá-los a testemunhar.