Em novo álbum lançado nesta sexta-feira (30), o primeiro após um hiato de quatro anos, Jay-Z se expõe como poucas vezes o fez: pede desculpas à sua esposa Beyoncé por tê-la traído, e fala da homossexualidade de sua mãe, além de discutir questões raciais.
Os temas casuais que Jay-Z tratava em suas músicas o tornaram um dos maiores rappers de todos os tempos. Ostentando um império econômico e casado com a superstar Beyoncé, o rapper manteve até agora sua vida privada longe dos holofotes.
"4:44", é o 13º álbum do rapper nascido com o nome de Shawn Carter, e foi lançado exclusivamente no Tidal, plataforma de música em streaming, da qual é proprietário.
Neste novo álbum, Jay-Z responde publicamente à aguardada questão sobre a sua infidelidade, trazida à tona por Beyoncé em seu aclamado álbum "Lemonade", lançado em 2016.
Também traz a informação de que os gêmeos que teve com a superstar foram concebidos de forma natural.
O tema de "4:44", cujo título faz referência à hora em que ele o escreveu, traz uma mistura de house e reggae, juntando-se a um som atual e elegante bem diferente do apresentado em seus álbuns anteriores, que eram muito mais pop.
Em "Smile", Jay-Z confirma os rumores de que sua mãe é lésbica, e explica como ela sucumbiu às drogas como forma de lidar com a estigmatização.
Também discorre sobre sua infância difícil no bairro nova-iorquino do Brooklyn, e seu pai ausente. A canção começa com Stevie Wonder e termina com um poema de sua mãe, Gloria Carter.
Assim como muitos rappers de sua geração, Jay-Z incluía expressões homofóbicas em suas músicas no início de sua carreira, porém, depois tornou-se um dos primeiros rappers a declarar publicamente repúdio à discriminação dos homossexuais.
O músico e sua esposa, Beyoncé, amigos do ex-presidente americano Barack Obama, participaram ativamente da campanha da democrata Hillary Clinton. As músicas "The Story of O.J." e "Moonlight" denunciam tensões raciais, afirmando que os americanos negros sempre serão julgados por sua cor de pele.
O rapper faz alusões a outros músicos, como Kanye West, que ano passado o insultou e apoiou o republicano Donald Trump, e direciona também duras palavras aos herdeiros do cantor Prince, com quem tinha fechado um acordo para o Tidal um pouco antes da morte desse ícone do pop.
O rapper faz referência aos "bastardos ambiciosos" que comercializaram suas obras nos serviços de streaming concorrentes como o Spotify.
Jay-Z finaliza o álbum falando sobre herança. Em "Legacy", título de sua última música, dedicado aos seus filhos, diz esperar que sua fortuna e obras benéficas sejam mantidas após a sua morte.
* AFP