Vinte e nove corpos foram resgatados do mar, nesta quinta-feira (8), pelos Serviços de Resgate birmaneses depois que um avião militar desapareceu, na quarta-feira, com 122 pessoas a bordo. Familiares acompanharam o trabalho de retirada dos corpos da água na praia de San Hlan, no sudoeste do Mianmar.
Desde quarta-feira, nove navios e três aviões da Força Aérea foram mobilizados nas buscas pelo avião militar desaparecido, que transportava mulheres, crianças e familiares dos soldados. Durante a tarde, o chefe do Exército anunciou que 29 corpos, entre eles os de 20 mulheres e oito crianças, foram recuperados em San Hlan.
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Desde que encontraram os primeiros destroços do avião, as equipes de resgate se viram diante de grande dificuldade. O mar agitado impedia que os barcos chegassem à costa.
O avião decolou na quarta-feira pela manhã da cidade de Myeik, sul de Mianmar, basicamente com militares e familiares, e deveria aterrissar em Yangon, capital econômica do país.
Entretanto, a aeronave desapareceu dos radares meia hora depois da decolagem, quando se encontrava a 18 mil pés (5.486 metros).
Na praia de San Hlan, Kywan Swar Myint via como os militares transportavam os corpos encontrados em macas, cobertos com plásticos pretos ou brancos.
– Nos disseram que um helicóptero ia transportar 20 corpos à praia, então estamos esperando – explicou o homem de 44 anos, que tinha vários parentes no avião.
Frota em condições ruins
Um responsável pelo aeroporto afirmou que o tempo estava bom e a tendência é de que a queda tenha sido provocada por "um incidente técnico". A aeronave era um Y-8F-200 turboélice de quatro motores, de fabricação chinesa.
A dissolvida junta militar birmanesa adquiriu equipamentos da China durante os 50 anos de isolamento, quando o país era alvo de sanções ocidentais. A montadora China National Aero-Technology Import & Export Corp. declarou na quinta-feira, em um comunicado, estar disposta a colaborar com as investigações. Segundo as autoridades birmanesas, o avião foi entregue ao exército em março do ano passado e tinha apenas 809 horas de voo.
O piloto, o tenente-coronel Nyein Chan, tinha uma experiência de mais de 3 mil horas de voo, segundo fontes militares.
Um ex-responsável do Ministério da Aviação disse que muitos equipamentos da frota birmanesa são velhos e estão em condições ruins.
– A Força Aérea birmanesa tem péssimos antecedentes em termos de segurança aérea – ressaltou, pedindo anonimato.
Histórico de acidentes
Em junho de 2016, um helicóptero militar Mi-2 caiu, causando três mortes, na província central de Bago. O mau tempo foi a causa do acidente.
Em fevereiro daquele ano, cinco soldados morreram quando o avião militar em que viajavam pegou fogo logo após a decolagem perto de Naypyidaw, capital administrativa.
Desde a abertura do país, após a dissolução da junta militar em 2011, o aumento dos voos nacionais pressionou a já deteriorada estrutura de transporte aéreo birmanês, em particular dos aeroportos distantes dos centros desenvolvidos.
Em 1998, o país registrou outro acidente, quando uma aeronave da companhia Myanmar Airways com 39 pessoas a bordo desapareceu. Os destroços foram encontrados quatro dias após o seu desaparecimento.