Autoridades colombianas seguem as buscas pelos autores do atentado em um shopping center de Bogotá, no sábado (17). A três dias do desarmamento da guerrilha das Farc, o ataque deixou três mortos e nove feridos.
– Realizaremos um Conselho de Segurança para avaliar os passos adicionais que permitam garantir a tranquilidade de Bogotá – declarou o presidente Juan Manuel Santos, no domingo (18), no local da tragédia.
O atentado ocorreu no centro comercial Andino, situado na Zona Rosa da capital colombiana, local muito frequentado por estrangeiros.
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As primeiras investigações indicam que um artefato explodiu atrás de um vaso sanitário no banheiro feminino do centro comercial. Santos afirmou que ainda não há indícios claros de quem foi o responsável.
Um francesa de 23 anos e duas colombianas, de 31 e 41 anos, morreram devido aos ferimentos. Entre os nove feridos, há outra francesa em estado crítico.
Ataque a três dias do desarmamento
O atentado acontece no momento em que a guerrilha das Farc se prepara para a terceira e última fase da deposição de armas em 20 de junho, como parte do histórico acordo de paz assinado em novembro com o governo, que visa terminar com meio século de um conflito interno que deixou ao menos 260 mil mortos e 60 mil desaparecidos.
Nas últimas duas semanas, a guerrilha deixou 60% do arsenal em mão da missão das Nações Unidas na Colômbia, encarregada do processo. É um passo-chave para que 7 mil combatentes iniciem a transição para um movimento político e a vida civil.
Há o temor, no entanto, que o atentado no shopping possa prejudicar o processo de paz.
– Quem quer estragar a festa da paz não vai ter êxito, e tenham a absoluta segurança de que vamos perseguir esses inimigos da paz sem trégua – advertiu Santos.
O monsenhor Luis Augusto Castro, presidente da Conferência Episcopal colombiana, assegurou que o ataque pode ser "o golpe dos inimigos da paz que, de alguma maneira, querem que o ambiente continue sendo de guerra".
O chefe das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Rodrigo Londoño (conhecido como Timochenko), expressou, por sua vez, no Twitter, que o ataque "só pode vir de alguém que quer fechar os caminhos da paz e da reconciliação".
Por outro lado, o Exército de Libertação Nacional (ELN), única guerrilha ativa no país e negociando a paz com o governo desde fevereiro, condenou o atentado e assegurou que "há quem pretenda assim prejudicar os processos de paz".
O governo de Santos e o ELN, com 1,5 mil combatentes segundo cálculos oficiais, iniciaram diálogos de paz para superar meio século de conflito armado.
Para o analista Jorge Restrepo, diretor do centro de análises do conflito Cerac, o episódio de sábado é reflexo da polaridade que existe no país em relação à paz com as duas guerrilhas.
– Mesmo que não se saiba quem é o autor, é muito provável que o objetivo deste tipo de atentado terrorista é afetar as preferências dos cidadãos em termos desses processos de paz – avaliou.
Este é o segundo atentado de gravidade neste ano na capital colombiana. Em 19 de fevereiro, uma explosão perto da Praça dos Touros deixou um policial morto e 25 feridos, sendo dois civis. O ataque foi atribuído ao ELN.
A Colômbia vive um conflito armado de mais de meio século envolvendo guerrilheiros, paramilitares e agentes do Estado, que já deixou 260 mil mortos, 60 mil desaparecidos e 7,1 milhões de deslocados.