O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou os primeiros atentados em Teerã, onde homens armados e suicidas atacaram nesta quarta-feira (7) o parlamento (Majlis, em persa) e o mausoléu do aiatolá Khomeini, em ações que deixaram ao menos 13 mortos e pelo menos 46 feridos.
Esta é a primeira vez que o EI comete atentados em Teerã, onde os últimos ataques aconteceram nos anos 2000, executados em sua maioria pela organização armada Mujahedines do Povo. O Irã, ao lado da Rússia, apoia o regime sírio em sua luta contra os grupos rebeldes e extremistas.
No final da tarde, em uma primeira reação oficial, o presidente iraniano, Hassan Rouhani, clamou pela "unidade e cooperação regional e internacional" contra o terrorismo, em um comunicado da presidência. Segundo Rouhani, "aqueles que desejam mal ao Irã recrutaram elementos reacionários e takfiris (nome dado aos grupos extremistas islâmicos) para tentar esconder seus fracassos regionais e fazer esquecer o descontentamento em sua própria sociedade".
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Antes, em comunicado, a Guarda Revolucionária havia acusado os Estados Unidos e a Arábia Saudita de estarem "envolvidos" nos atentados em Teerã, considerando que a "ação terrorista após o encontro do presidente dos Estados Unidos com o chefe de um dos governos reacionários da região, que sempre apoiou os terroristas, é repleta de significado e a reivindicação pelo Daesh (grupo Estado Islâmico) mostra que estão envolvidos".
O presidente não citou, porém, os Estados Unidos e a Arábia Saudita, como havia feito mais cedo a Guarda Revolucionária, o exército de elite do regime, que denunciou o "envolvimento" desses dois países nos atentados. O guia supremo Ali Khamenei garantiu que o "povo iraniano avança, e esses fogos não terão nenhum efeito sobre a nossa determinação".
Os atentados cometidos de modo quase simultâneo contra dois locais altamente simbólicos não têm precedentes na capital iraniana. Demoraram várias horas, prosseguindo até o meio da tarde. A polícia informou que todos os terroristas foram abatidos por volta das 15h (7h30min de Brasília), quase cinco horas depois do início dos ataques.
Parlamentares não interromperam sessão
O incidente começou quando quatro pessoas invadiram a sede do Majlis, no centro da cidade, e uma delas detonou uma carga explosiva presa ao corpo. Os criminosos estavam disfarçados de mulheres, segundo o vice-ministro do Interior, Hossein Zolfagari.
Durante o atentado, um dos agressores seguiu para avenida ao lado da Câmara dos Deputados e abriu fogo contra os transeuntes. As forças de segurança atiraram, e o homem retornou para o edifício. Apesar do ataque, os deputados não interromperam a sessão, comandada pelo presidente do Majlis, Ali Larijani, que denunciou o ato de "terroristas covardes".
Outro ataque coordenado aconteceu quando vários homens armados invadiram o mausoléu do aiatolá Ruhollah Khomeini, distante 20 quilômetros do Majlis, na zona sul de Teerã. Um funcionário do local afirmou que "três ou quatro" pessoas entraram pelo acesso oeste do edifício e abriram fogo, matando um jardineiro e ferindo várias pessoas. Dois agressores – um deles, uma mulher – detonaram cargas explosivas do lado de fora do monumento, segundo as agências de notícias. O serviço secreto afirmou que um terceiro grupo foi neutralizado.
*Zero Hora, com agências