A polêmica proposta de emenda constitucional que permite a reeleição presidencial no Paraguai foi suspensa após uma convocação do presidente Horacio Cartes para um diálogo com a oposição, que ocorrerá na quarta-feira.
A Câmara dos Deputados do país adiou a sessão que trataria da proposta, nesta terça. O projeto que autoriza a reeleição havia sido aprovado pelo Senado na semana passada, desencadeando protestos violentos em Assunção. Nas manifestações, uma pessoa morreu, 30 ficaram feridas e o prédio do Congresso foi incendiado.
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O presidente da Câmara de Deputados, Hugo Velázquez, deixou em suspenso o projeto depois de convidar a oposição à mesa de diálogo convocada por Cartes, como havia pedido o papa Francisco no domingo, revelou o arcebispo de Assunção, monsenhor Edmundo Valenzuela.
– Creio que vamos participar – declarou o presidente do Congresso e titular do Senado, Roberto Acevedo, do opositor Partido Liberal, que ficou ferido nos confrontos de sexta passada.
Cartes prometeu participar do diálogo para dirimir as diferenças com seus adversários.
O presidente del Partido Liberal, Efraín Alegre, pré-candidato às eleições de 2018 – que também recebeu impactos de projéteis no rosto, pescoço e ombro – condicionou a participação à retirada do projeto de emenda constitucional.
A aprovação da emenda foi suspensa temporariamente com a convocação de Cartes, mas os opositores estão acampados diante do Congresso na chamada "Vigília da Resistência".
A Constituição paraguaia, de 1992, proíbe a reeleição do presidente e do vice-presidente. A medida foi aprovada pela Assembleia Constituinte como garantia contra o reaparecimento de ditaduras. Em 1989, o ditador Alfredo Stroessener foi deposto, após ter governado o país com mão de ferro durante 35 anos.
– Se querem mudar o artigo, só poderão fazê-lo pelo caminho da reforma por uma Assembleia Constituinte, e não pelo da emenda – afirmou o constitucionalista e membro da comissão redatora da Carta Magna de 1992, Benjamín Fernández.
*AFP