O Senado dos Estados Unidos confirmou, na quarta-feira, o senador Jeff Sessions como novo procurador-geral do país, dando fim a uma queda de braço devido ao passado do republicano. Sessions é alvo de críticos pela trajetória marcada por posições contrárias ao voto de eleitores negros.
Por 52 votos a 47, os senadores aprovaram Sessions para o Departamento de Justiça, placar que deixa evidente a falta de consenso sobre a indicação feita pelo presidente Donald Trump.
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Senador ultraconservador por Alabama e defensor da política de "linha dura" com os imigrantes em situação irregular, Sessions é visto como a principal inspiração de Trump na elaboração de políticas públicas na área.
Na campanha à Presidência de 2016, Sessions foi um dos primeiros a se alinhar com Trump. Ele é o sexto integrante do gabinete a ser confirmado pelo Senado. O presidente já criticou várias vezes a lentidão da Casa na confirmação dos indicados para o governo.
Agora, Sessions está autorizado a assumir o comando do Departamento de Justiça, que conta com cerca de 113 mil funcionários.
Debates acirrados
Os debates sobre a nomeação de Sessions tiveram momentos de extrema tensão. Em um deles, a democrata Elizabeth Warren lia uma carta escrita em 1986 por Coretta King, a viúva de Martin Luther King, com duras críticas ao senador Sessions. A parlamentar, no entanto, foi intimada a interromper o discurso e voltar para sua cadeira.
O líder do Partido Republicano no Senado, Mitch McConnell, apelou a um artigo raramente usado no regulamento da Câmara, que veta comentários altamente críticos de um senador para outro, para pedir que o discurso fosse interrompido.
– A senadora deve retomar seu assento – indicou o senador Steven Daines, em um gesto que gerou um enorme escândalo e tornou-se o centro das discussões sobre Sessions.
Embora não seja raro um senador fazer objeções a declarações de outro membro na Casa, o pedido para que Warren fosse interrompida e voltasse para seu lugar foi um gesto poucas vezes visto no Congresso norte-americano.
O senador Bernie Sanders pediu a palavra e leu por inteiro a carta escrita por Coretta King. Desta vez, porém, nenhum senador conservador apresentou moção de censura. Outro senador democrata, Sheldon Whitehouse, considerou "inaceitável" o que aconteceu com Warren.
Já o senador conservador Horrin Hatch lembrou que os legisladores devem se tratar com respeito, "ou isso vai virar um selva".
A viúva de Luther King escreveu a carta quando Sessions era candidato a um posto de juiz federal no Alabama. De acordo com a carta, Sessions usava "seu poder para intimidar e ameaçar eleitores negros".