Aos 55 anos, depois de dois mandatos à frente da Casa Branca, Barack Obama se despede do cargo máximo da política norte-americana nesta terça-feira. O democrata escolheu a cidade de Chicago, terra de sua meteórica ascensão na vida pública do país, para discursar pela última vez como presidente dos Estados Unidos. O democrata transmitirá a função ao republicano Donald Trump em 20 de janeiro.
Acompanhado pela esposa, Michelle, e pelo vice-presidente, Joe Biden, Obama vai se pronunciar no McCormick Place, no coração da cidade do norte de Illinois. As entradas para o pronunciamento são gratuitas e foram disputadas na madrugada de sábado, em frente ao centro de conferências onde centenas de pessoas fizeram fila, apesar do frio glacial.
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A poucas quadras de distância, no Grant Park, fica um imenso parque público encravado entre o Lago Michigan e arranhas-céus, local em que Obama falou na noite da primeira vitória, em 5 de novembro de 2008.
– Precisou de um longo tempo. Mas esta noite, graças ao que conquistamos hoje e conseguimos durante esta eleição, neste momento histórico, a mudança chegou – havia dito, a ocasião, o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos depois de sua esmagadora vitória sobre seu adversário republicano John McCain.
Discurso de Obama não será anti-Trump
Oito anos à frente da primeira potência mundial embranqueceram os seus cabelos e emagreceram o seu rosto, mas Obama pretende transmitir mais uma vez uma mensagem de esperança. O presidente em fim de mandato quer agradecer aos americanos por "esta aventura extraordinária" e "expressar algumas reflexões" sobre o futuro.
– Este é um discurso à parte, não há nenhum esquema pré-definido – explicou Cody Keenan, redator de discursos de Barack Obama, que afirma ter lido o todos os seus antecessores em uma tradição que remonta a George Washington.
Uma vez que Obama pretende falar sobre a carreira e apresentar "sua visão da América", "não será um discurso anti-Trump", garante o redator. Falar sobre o futuro sem criticar o sucessor em nome de uma transição política pacífica, no entanto, promete ser um exercício de equilibrista para aquele que disse durante a campanha que os progressos realizados ao longo dos últimos oito anos "iriam desaparecer como fumaça" em caso de vitória do magnata imobiliário.
Donald Trump vai participar, nesta quarta-feira, em Nova York, da primeira coletiva de imprensa desde a eleição em 8 de novembro.
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Trinta segundos
Chicago, onde a família Obama ainda possui uma casa, irá desempenhar um papel central após o fim do mandato do democrata: ele receberá a biblioteca presidencial e a sua fundação.
Obama esperava viver mais alguns anos em Washington, até sua filha mais nova, Sasha, terminar o ensino médio. No entanto, ele recorda da sua forte ligação com Chicago.
– Este é o lugar onde eu encontrei uma forma de idealismo, onde eu conheci minha esposa, onde minhas filhas nasceram.
Em seu retorno, na madrugada de quarta-feira, Barack Obama terá apenas dez dias na Casa Branca. Foi neste edifício público, o mais antigo na capital dos Estados Unidos, que ele trabalhou e viveu por oito anos. E onde viu suas duas filhas crescerem.
– Este é um dos principais benefícios de ser presidente, sobre o qual você não pensa antes de chegar aqui: nunca levei mais de 30 segundos para ir de casa para o escritório – disse em uma entrevista transmitida no domingo pela ABC. – Foi graças a isso que consegui manter uma vida em família que me alimentou e apoiou durante todo este período.