Dois homens abriram fogo em uma mesquita de Quebec, na noite de domingo, durante um ataque que deixou seis mortos e oito feridos. O ato foi classificado pelo primeiro-ministro canadense Justin Trudeau como "ataque terrorista" Em entrevista, o porta-voz da polícia local, Christine Coulombe, afirmou que as vítimas têm entre 35 e 70 anos.
Dois suspeitos foram detidos após o ataque. No entanto, as autoridades não descartam a possibilidade da existência de um terceiro suspeito, que teria conseguido fugir do local.
"Condenamos este ataque terrorista contra os muçulmanos em um centro de culto e refúgio", afirmou Trudeau em um comunicado. "Os muçulmanos canadenses são parte importante de nosso tecido nacional. Estes atos sem sentido não têm espaço em nossas comunidades, cidade e país", completou.
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De acordo com as testemunhas citadas pela Radio Canada, dois homens teriam entrado na mesquita antes de abrir fogo contra quem estava no local. Etienne Doyon, guarda da polícia municipal, disse à CBC que, no momento do ataque, estavam reunidos na mesquita especialmente os homens.
O motivo do ataque ainda não foi determinado. A polícia iniciou uma vasta operação após tiroteio, que aconteceu durante a oração noturna. De acordo com testemunhas, dois homens com máscaras entraram na mesquita por volta das 19h15min de domingo (22h15min, pelo horário de Brasília).
"Parte o coração ver esta violência sem sentido", afirmou Trudeau, antes de acrescentar que a "diversidade é nossa fortaleza e a tolerância religiosa é um valor que, como canadenses, valorizamos".
"Violência bárbara"
O primeiro-ministro de Quebec, Philippe Couillard, escreveu no Twitter que o governo está "mobilizado para garantir a segurança da população".
"Quebec rejeita categoricamente esta violência bárbara", tuitou. "Solidariedade com a população de fé muçulmana de Quebec".
– Não entendo por que aqui, é uma mesquita pequena – disse um homem que estava no centro cultural islâmico no momento do ataque. – Não é Montreal ou Toronto – disse.
A mesquita de Quebec já havia sido alvo de um ataque de ódio: uma cabeça de porco foi deixada diante da porta do templo durante o Ramadã, em junho do ano passado. Outras mesquitas do Canadá foram alvos de frases racistas nos últimos meses.
Solidariedade
O ataque acontece no momento em que o Canadá promete abrir as portas aos muçulmanos e refugiados, depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um polêmico decreto que suspende a entrada dos refugiados e cidadãos de sete países muçulmanos, o que provocou o caos nas viagens e indignação no mundo.
O Canadá oferecerá temporariamente vistos de residência a várias pessoas retidas no país como resultado do decreto de Trump, informou, no domingo, o ministro da Imigração, Ahmed Hussen.
Trump suspendeu a entrada de refugiados nos Estados Unidos por 120 dias e de cidadãos de sete países de maioria muçulmana (Irã, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iêmen) por 90 dias.
Hussen, de origem somali, não condenou a medida dos Estados Unidos, mas enfatizou que o Canadá pretende manter uma política de imigração baseada na "compaixão", ao mesmo tempo que protege seus cidadãos.
– Damos as boas-vindas aos que fogem da perseguição, do terror e da guerra – disse, repetindo a mensagem de sábado do primeiro-ministro Justin Trudeau.
O presidente francês, François Hollande, condenou o que chamou de "odioso atentado" na mesquita de Quebec.
De acordo com o último censo do Canadá, de 2011, uma a cada cinco pessoas no país nasceu no exterior. O país recebeu 39.670 refugiados sírios entre novembro de 2015 e o início de 2017, segundo o governo.