O suspeito de ser o responsável pelo atropelamento que deixou 12 mortos e 48 feridos em uma feira de Natal, em Berlim, foi morto na madrugada desta sexta-feira, em Sesto San Giovanni, ao norte de Milão. O tunisiano Anis Amri, de 24 anos, reagiu a uma abordagem policial por volta de 3h da madrugada (horário de Milão).
Marco Minniti, ministro do Interior italiano, confirmou a morte em coletiva de imprensa nesta sexta-feira. Segundo ele, durante uma patrulha de rotina, um policial chamado de Christian Movio abordou um homem "em atitude suspeita" e pediu para que ele apresentasse documentos. Então, o suspeito sacou a arma e atirou no policial, que foi ferido no ombro e se recupera no hospital. Os outros policiais reagiram e atiraram no homem apontado como o responsável pelo ataque em Berlim.
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– Não há dúvida que ele é Anis Amri. Identificamos e neutralizamos imediatamente o homem mais procurado da Europa, isso significa que nossa segurança está funcionando muito bem – disse Minniti.
Uma passagem de trem foi encontrada na mochila de Amri – a polícia acredita que ele teria chegado da França.
O suspeito estava foragido desde o ataque ocorrido na segunda-feira à noite. O atentado foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI). Junto com Amri, foi encontrada uma passagem de trem indicando que ele embarcou em Chambery, no norte da França, e passou por Turim antes de chegar a Milão, segundo a imprensa alemã.
Alemanha "aliviada"
Em Berlim, o governo alemão reagiu dizendo ser "um alívio" a morte do suspeito.
– Vão se somando indícios de que se trata realmente desta pessoa (Amri). Se isto for confirmado, o ministério do Interior ficará aliviado de que esta pessoa já não represente nenhum perigo – afirmou o porta-voz da pasta, Tobias Platte.
– Estamos agradecidos às autoridades italianas pela estreita troca de informações que aconteceu, em total confiança, durante a madrugada – disse o porta-voz da diplomacia alemã, Martin Schäfer. – Nossos colegas do consulado geral em Milão foram informados muito rapidamente – explicou.
A porta-voz da chanceler Angela Merkel não fez declarações, já que a Alemanha ainda não emitiu nenhuma notificação por escrito.
Amri chegou à Alemanha em 2015
Antes de se estabelecer na Alemanha, em julho de 2015, Anis Amri passou quatro anos na Itália, pouco depois de chegar da Tunísia na ilha de Lampedusa, em 2011. Ele foi condenado por atear fogo a uma escola e passou vários anos na prisão no país italiano.
A Justiça alemã havia emitido oficialmente, na quinta-feira, um mandado de prisão contra o tunisiano. As impressões digitais do tunisiano foram encontradas no caminhão utilizado no ataque em Berlim. Além disso, um documento de identidade que pertencia a ele foi encontrado na cabine do veículo. Após o ataque, Amri conseguiu fugir, provavelmente armado.
Imagens de câmeras de segurança, divulgadas nesta sexta-feira pela televisão alemã, é possível vê-lo passar em frente a uma mesquita no bairro de Moabit, em Berlim, apenas algumas horas depois da carnificina. Esta mesquita é conhecida por ter sido frequentada por islamitas e foi alvo de uma operação de busca na quinta pela polícia.
Outras imagens, de 14 e 15 de dezembro, cinco e quatro dias antes do ataque, mostra o tunisiano diante da mesma mesquita, fechada pelas autoridades.
Falhas sistêmicas
Na Alemanha, a polêmica só aumenta desde o ataque sobre as consequências da tragédia em Berlim, que revelou deficiências preocupantes da administração e policiamento em todos os níveis: Anis Amri era conhecido há muito tempo por sua radicalização islâmica e seu perigo e, ainda assim, nunca foi detido ou expulso.
O jovem tunisiano também não chegou a ser incomodado mesmo estando sob investigação criminal por suspeita de preparação de ataque. As autoridades sabiam que estava em contato com salafistas e viajava pelo país usando identidades falsas.
Um especialista em jihadismo, o professor Peter Neumann do Kings College de Londres, fala de uma "falha sistêmica".
"Uma vez que a poeira baixar, acho que precisaremos fazer perguntas fundamentais" sobre os mecanismos de combate ao terrorismo na Alemanha, disse.
A polícia alemã tem sido fortemente criticada por ter focado a sua atenção durante 24 horas após o ataque em um suspeito paquistanês, finalmente declarado inocente. Na terça-feira de manhã, os documentos de Amri foram encontrados no caminhão, mas o alerta de procura só foi emitido na madrugada de quarta-feira, dando tempo para o suspeito desaparecer.