A ex-presidente argentina, Cristina Kirchner, compareceu nesta segunda-feira perante o juiz federal Julian Ercolini, para depor sobre supostas irregularidades na concessão de obras públicas durante seu governo (2007-2015). Ela foi acusada de favorecer o empreiteiro Lázaro Báez, que está preso e será processado por lavagem de dinheiro.
Este é apenas o primeiro de três casos de corrupção envolvendo Cristina Kirchner que estão sendo investigados pela Justiça. No seu depoimento, que durou duas horas, e em entrevista na saída do tribunal, a ex-presidente negou ser amiga ou sócia comercial de Báez e disse ser vítima de perseguição política. Na sua conta Twitter, Cristina insinua que tudo faz parte de uma manobra do presidente Mauricio Macri, para "tapar a catástrofe social e econômica" do país.
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Cristina pediu ao juiz para realizar uma auditoria completa das obras públicas – e não apenas aquelas concedidas a Báez durante seus dois mandatos presidenciais. Ela quer que seja investigado "a fundo e sem arbitrariedades nem cálculos políticos" o financiamento de todas as obras, incluindo aquelas realizadas nos governo de seu finado marido e antecessor, Nestor Kirchner (2003-2007), e de seu rival politico e sucessor, Mauricio Macri, que assumiu em dezembro passado.
Outros empreiteiros receberam concessões de obras públicas, mas o foco dessa investigação é Báez – que fez sua fortuna durante os governos de Nestor e Cristina Kirchner, recebendo 78,4% dos contratos na província de Santa Cruz. Nesse período, ele também alugou casas e quartos em hotéis, que pertencem aos Kirchner. A Justiça abriu outras duas investigações para apurar se esses aluguéis faziam parte de um esquema para lavar dinheiro, supostamente recebido em propina.
Ao ser abordado por jornalistas, quer queriam repercutir as declarações de Cristina, Macri respondeu que não se intromete nas decisões da Justiça e que seu governo respeita e independência dos três poderes. Mas lembrou sua promessa de campanha de combater a corrupção.
Além de ter que enfrentar três casos de corrupção, Cristina Kirchner já foi processada pelo juiz federal Claudio Bonadio, em maio passado, pela venda de dólares no mercado futuro, que teria causado aos cofres públicos um prejuízo equivalente a R$ 17 bilhões.
Em 2015 – ultimo ano do segundo mandato presidencial de Cristina Kirchner – o Banco Central vendeu dólares "a futuro" a 10,65 pesos. Na época, o governo tinha limitado as operações cambiais e a moeda argentina valia entre 14 e 15 pesos no mercado internacional e também no mercado negro local. A diferença contribuiu para reduzir as escassas reservas do Banco Central.
*Agência Brasil