Pela primeira vez na história, o processo de sucessão do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) acontece com audiências públicas, transmitidas ao vivo pelo site da entidade. Este novo modelo, com entrevistas aos pretendentes ao cargo, visa a dar mais transparência à eleição, que definirá o sucessor do sul-coreano Ban Ki-moon.
Ao longo de sete décadas, o processo de seleção foi mantido a portas fechadas, com a escolha feita pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança: Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, França e China.
De acordo com o Artigo 97 da Carta das Nações Unidas, "o secretário-geral deve ser nomeado pela Assembleia Geral, mediante recomendação do Conselho de Segurança". A decisão requer pelo menos nove votos favoráveis, incluindo os dos cinco membros permanentes que têm poder de veto.
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Até o momento, já foram feitas cinco rodadas de votações secretas,em que os membros do Conselho de Segurança (os cinco permanentes e os outros dez) votaram em cada um dos candidatos, apoiando, discordando ou abstendo-se.
Assim que um candidato reunir nove votos entre os 15 países-membros e a aprovação de todos os membros permanentes, o conselho recomendará o seu nome para aprovação pela Assembleia Geral da ONU, que reúne representantes de 193 países.
Candidatos e mulheres
Neste momento, o posto de secretário-geral da ONU é disputado por nove candidatos, sendo quatro mulheres. A resolução 51/241 de 1997 da Assembleia Geral destaca a importância do equilíbrio regional e de gênero. Todos os oito secretários-gerais da história da ONU são homens.
Apesar da pressão internacional para a escolha de uma mulher para o cargo –posição que foi apoiada pelo atual secretário-geral, Ban Ki-moon – nenhuma das candidatas conseguiu mais do que um terceiro lugar nas votações.
O ex-primeiro-ministro de Portugal António Guterres venceu, até agora, todas as votações feitas. Guterres, que já exerceu o cargo de alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, recebeu na terça-feira 12 votos a favor, dois contra e um em branco. Ele saiu vitorioso nas quatro primeiras votações para o cargo, que ocorreram nos dias 21 de julho, 5 de agosto, 29 de agosto e 9 de setembro. A próxima votação está agendada para o dia 4 de outubro.
Ban Ki-moon deixará o cargo, após seu segundo mandato, em 31 de dezembro deste ano. Embora não haja um número limite de mandatos, nenhum dos secretários anteriores permaneceu por mais de dois.