Um avião da LAM, companhia nacional de Moçambique, de fabricação da Embraer e que viajava para Angola, foi achado carbonizado na Namíbia e sem sobreviventes entre as 33 pessoas que estavam a bordo, anunciou a polícia neste sábado. Entre os passageiros do voo TM 470 estava um cidadão luso-brasileiro.
- Minha equipe encontrou o aparelho. Não há sobreviventes. O avião está carbonizado por completo - declarou o coordenador da polícia da região namíbia de Kavango (nordeste), Willie Bampton, depois de várias horas de busca em uma zona pouco povoada no parque nacional de Bwabwata.
De acordo com o Itamaraty, o brasileiro vitimado na queda era Sérgio Miguel Pereira Soveral. O Ministério das Relações Exteriores informou que está prestando assistência consular à família de Sérgio por meio das Embaixadas na região.
Este é o mais grave acidente da história da aviação civil de Moçambique. O voo TM 470 decolou na manhã de sexta-feira de Maputo com destino a Luanda levando 27 passageiros a bordo: dez moçambicanos, nove angolanos, cinco portugueses, um francês, um luso-brasileiro e um chinês, segundo comunicado da LAM. A Embraer confirmou que o avião acidentado é um de seus modelos, o E190, e que enviará uma equipe técnica para colaborar na investigação das causas da queda.
"A Embraer lamenta profundamente confirmar o acidente (...) A companhia estende seu apoio à investigação das autoridades para descobrir a causa do acidente. Para esse fim, uma equipe de técnicos da Embraer se prepara para ir ao cenário do acidente", acrescentou.
Um E190 tem entre 98 e 114 lugares, segundo o site da empresa, mas o aparelho voava com mais ou menos um terço de sua capacidade. O último contato estabelecido com os pilotos foi feito quando o avião sobrevoava o norte da Namíbia, onde caia uma forte chuva. A polícia da Namíbia enviou equipes de resgate após ser alertada pelas forças de Botswana.
- Eles viram a fumaça no ar e pensaram que o acidente havia ocorrido em seu país. Mas ao chegarem à fronteira, perceberam que a fumaça estava na Namíbia - contou Bampton.
O trabalho das equipes namíbias foram prejudicados pelas fortes chuvas e pela vegetação fechada. Além disso, a ausência de estradas complicou o acesso ao local. O barulho das explosões pode ser ouvido pelos moradores de vilarejos nos arredores.
A companhia aérea LAM afirmou nesta sexta-feira que o avião poderia ter feito uma aterrissagem próximo à fronteira setentrional da Namíbia, mas ainda não havia confirmado oficialmente o acidente. A LAM se negou por ora a fazer comentários, e simplesmente divulgou a nacionalidade dos passageiros, revisando seu número para 27 no lugar do 28 informado na sexta-feira.
Parentes das vítimas que foram à sede da empresa se mostraram frustrados.
- Eles nos dizem que foi um pouso forçado. Eu sei que o avião caiu. Como pode uma companhia estatal não ter informações? - questionou um colega de um dos desaparecidos, Luis Paolo.
O governo moçambicano também preferiu ficar em silêncio neste sábado, confirmando apenas que havia 33 pessoas a bordo, incluindo a tripulação. Segundo um técnico do aeroporto, que pediu para não ser identificado, o avião teria caído por causa do mau tempo.
O acidente é o mais grave na história da aviação civil de Moçambique desde a misteriosa queda do avião do presidente Samora Machel em 1986 na África do Sul, quando morreram 34 pessoas - um provável atentado ligado às hostilidades que existiam com o regime racista do apartheid sul-africano.
Em 2011, a União Europeia proibiu a companhia aérea LAM de sobrevoar seu espaço aéreo, medida justificada pelas falhas na segurança aérea de Moçambique. De acordo com comunicado divulgado pela chancelaria portuguesa, os serviços consulares já entraram em contato com as famílias de quatro dos cinco portugueses que viajavam a bordo do voo TM470.