Duas famílias de vítimas de um atentado em Karachi (Paquistão) apresentaram nesta segunda-feira uma ação contra o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy, cuja imunidade de chefe de Estado terminou na sexta-feira, acusando-o de ter violado o segredo da instrução sobre o caso.
A imunidade de Sarkozy terminou na sexta-feira à meia-noite, um mês depois de ter deixado o cargo.
Esta primeira demanda foi apresentada por duas famílias de vítimas do atentado realizado no dia 8 de maio de 2002 em Karachi, no qual 11 funcionários da Direção de Construções Navais francesas (DCN) morreram.
Os demandantes se baseiam na declaração da presidência em um comunicado do dia 22 de setembro de 2011 relativa à investigação sobre a parte financeira do caso, no qual há suspeitas de financiamento ilícito de campanha eleitoral através de retrocomissões.
Neste comunicado, a Presidência francesa afirmava que, em relação "ao caso chamado Karachi, o nome do ex-chefe de Estado não aparece em nenhum dos elementos do arquivo", nem "foi citado por nenhuma testemunha".
Este comunicado foi publicado pouco depois das acusações sucessivas de duas pessoas próximas a Sarkozy, Thierry Gaubert e Nicolas Barire.
Os demandantes consideram que com essas declarações Sarkozy violou a independência da autoridade judicial.
Os juízes suspeitam que neste caso ocorreram retrocomissões dos contratos de vendas de armas que serviram para financiar a campanha presidencial do ex-primeiro-ministro Edouard Balladur em 1995. Na época, Sarkozy era o porta-voz de Balladur.
Os juízes tentam determinar se as comissões pagas à margem de contratos fechados em 1994 com o Paquistão (submarinos Agosta) e a Arábia Saudita (fragatas Sawari II) deram lugar a retrocomissões para financiar a campanha de Balladur.
O pagamento de comissões no mercado do armamento foi legal até o ano 2000, quando a França ratificou uma convenção internacional da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).