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A série de reportagens O Poder das Facções, produzida pelo Grupo de Investigação da RBS (GDI), repercutiu no Uruguai. O primeiro dia do conteúdo jornalístico, veiculado sexta-feira (27) em GaúchaZH, mostrou como quatro policiais uruguaios venderam 423 armas, em sua maioria de uso restrito (calibre não permitido no Brasil), para criminosos gaúchos. O El País, jornal uruguaio de maior circulação, publicou um resumo da reportagem do GDI, com o título "La ruta de las armas usadas en Rio Grande" (A rota das armas utilizadas no Rio Grande do Sul). Outros sites noticiosos uruguaios também citaram trechos da reportagem.
A reportagem do GDI, republicada parcialmente pelo El País, mostra que os agentes do Uruguai compravam o armamento em lojas e o repassavam para contrabandistas, que os enviavam a integrantes das três maiores facções criminosas gaúchas: Os Manos, Bala na Cara e Os Abertos. O arsenal repassado às quadrilhas custa cerca de R$ 4 milhões, em valores do submundo. Cada pistola era comprada por cerca de R$ 4,1 mil nas lojas e revendida pelo dobro do preço em Porto Alegre. Já os fuzis custavam cerca de R$ 12 mil e eram revendidos por R$ 38 mil aos bandidos gaúchos.
Os policiais chegaram a ser presos, mas já estão soltos, em liberdade condicional.
O GDI também rastreou o caminho das armas, da loja até vítimas em Porto Alegre.
A série de reportagens do GDI prossegue até quarta-feira (1º) e vai mostrar ainda como as facções gaúchas buscam a internacionalização e como elas lavam dinheiro em empreendimentos legais.
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O El Pais também relembrou, esta semana, estimativa de que existam 590 mil armas não registradas no Uruguai. O cálculo é da Small Arms Survey, ONG com sede na Suíça e dedicada a estudos sobre a violência armada no mundo. Existem 605 mil armas legais registradas em território uruguaio. Caso seja verdadeira a estimativa, um em cada três uruguaios tem uma arma (legalizada ou não).