Eleito no último dia 6 de outubro, o desembargador Ricardo Hofmeister de Almeida Martins Costa tomou posse na presidência do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4) na tarde desta-sexta feira (1º). Segundo ele, um dos focos da administração é continuar pacificando as relações entre capital e trabalho.
— Há muitos resgates a fazer nessa relação, seja como fundamento da República ou de dignidade da pessoa. A Justiça do Trabalho sofre alguns percalços e incompreensões, às vezes, por buscar manter esse equilíbrio, num país marcado por uma desigualdade profunda, onde tivemos tardiamente a abolição da escravatura. Tudo isso é reflexo direto de um trabalho. É papel que a justiça social tem de manter — comenta.
O novo presidente ingressou na magistratura trabalhista na década de 1990. Passou pelas varas do trabalho de Santo Ângelo e pelas unidades de Montenegro, Guaíba, Viamão, 10ª VT de Porto Alegre e 2ª VT de Gramado. Foi eleito membro do Conselho Consultivo da Escola Judicial (EJ) do TRT4 em 2007 e reconduzido para o biênio 2008/2009. Foi diretor da Escola Judicial, eleito para o biênio 2019-2021, e integrante do Núcleo de Conciliação do TRT gaúcho. Antes de ser eleito, atuava na condição de vice-presidente do TRT4, no biênio 2021/2023.
— Enquanto tribunal fomentamos que as partes busquem a solução dos conflitos, por meio dos mecanismos de conciliação. Nossa missão é buscar a paz entre o capital e o trabalho, ao mesmo tempo, no campo dos dissídios coletivos de categoria é a mediação e o diálogo. Nosso tribunal é pioneiro nesse aspecto porque antes das partes entrarem na justiça, podem buscar o tribunal e os mecanismos de mediação — argumenta.
E os números atestam a eficiência. Em agosto de 2022, o TRT atingiu 76% de êxito em mediações coletivas, sob a responsabilidade do então vice-presidente. Costa assume a função em meio a uma revolução digital, capitaneada pela veloz escalada da inteligência artificial (IA).
Considerado um progressista, que em 2006 acatou em relatório uma prova produzida na extinta rede social Orkut, ele cita o exemplo de um grupo de 30 trabalhadores de um aplicativo de delivery que buscou a mediação e teve dificuldades para ingressar na sede do tribunal. Costa explica que todos tinham placas de metal e pinos internos, alguns com pernas mecânicas, que dificultam o acesso em razão da necessidade de passarem pelo detector de metais.
— Um desses rapazes disse que passamos por uma revolução digital na qual a empresa que os contratas está inserida, mas as condições são equivalentes às encontradas na primeira revolução industrial. É disso que estamos tratando, sem uma legislação aprovada no Congresso, eles buscam condições mínimas de segurança, repouso e descanso.