Se quatro pessoas tivessem sido arrastadas pra fora de casa à base de coronhadas e fossem executadas com mais de 50 tiros no Moinhos de Vento, Porto Alegre estaria de luto. Se corpos fossem esquartejados e espalhados pelas ruas e lixeiras da Avenida Nilo Peçanha, o Exército estaria nas ruas.
Mas, como pessoas inocentes e trabalhadoras estão morrendo em áreas pobres, somente lamentamos e seguimos nossa vida. É absurdo que, para que as forças de segurança tomem ações de impacto, seja necessário que inocentes de classes média e alta morram.
Tristeza
Inocente que mora perto de boca de tráfico assume o risco de morrer. Pessoas que têm parentes no crime ganham de presente a presunção de culpa. Não aguento mais as pessoas dizendo que somos todos iguais. Na prática, isso é mentira, pois uns parecem mais iguais do que os outros. Da mesma maneira que a notícia de crianças mortas no Norte da África parece ser menos dramática do que a de crianças mortas em Paris.
As mortes da periferia da Zona Norte de Porto Alegre se apagam da memória da cidade. Os governos ignoram, porque nós também ignoramos. As desigualdades da vida me deixam triste. A desigualdade da morte me deixa descrente.
E você, como se sente?
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Papo Reto
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