O alto volume de chuva que atinge o Rio Grande do Sul desde o fim de semana continua e ganha força em boa parte do Estado nesta quarta-feira. Os maiores acumulados devem se concentrar na metade sul do RS. Segundo a Somar Meteorologia, as regiões mais atingidas serão a Central e da Campanha, onde as precipitações podem chegar na casa dos 100mm.
Em Porto Alegre e na Região Metropolitana, o volume da chuva deve atingir cerca de 50mm na tarde desta quarta. De acordo com o último balanço da Defesa Civil, mais de 1,3 mil residências foram atingidas pelos temporais, 259 famílias foram desalojadas e 124 estão desabrigadas em 46 cidades gaúchas.
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O forte aguaceiro também causou problemas em rodovias do Estado e deixou, até o início da noite desta terça-feira, cerca de 22 mil clientes sem energia elétrica no Estado, oito mil na área de concessão da AES Sul e 14 mil na da RGE. Segundo as empresas, não há previsão de restabelecimento do serviço devido à previsão de mais chuva.
Todo esse acumulado previsto para esta quarta-feira deve influenciar na alta dos rios no Rio Grande do Sul nos próximos dias. Segundo a Defesa Civil, as bacias que mais preocupam são a do Taquari, que atingiu 20m42cm, e Caí, que registrou 14m53cm no fim da tarde desta terça. O nível de alerta nos dois rios são 17 e sete metros, respectivamente.
Em São Sebastião do Caí, uma das cidades mais afetadas pelo mau tempo, mais de 200 pessoas foram retiradas de casa devido a alagamentos que atingem boa parte do município. A Serra também sente os efeitos do aguaceiro. Em Nova Petrópolis, segundo o Corpo dos Bombeiros, 21 pessoas perderam tudo após enchentes no município. Em Bom Princípio, famílias precisaram sair de suas casas e buscar abrigo em residência de parentes.
No bairro São Luiz, o produtor Lourenço Agnes, 42 anos, lamentava as perdas sofridas na sua plantação de repolho, abóbora, pepino e beterraba. Ele calcula prejuízo de mais de R$ 40 mil.
– Não esperávamos uma chuva com esta intensidade. Perdemos tudo. E não adianta nem parar de chover agora. Quando o sol vier, vai acontecer a "murchadeira" e tudo ficará podre. O pepino íamos colher em oito dias. Um trabalho de dois meses foi jogado fora – lamenta Agnes.
A Defesa Civil também monitora com atenção o nível do Guaíba, principalmente na região das ilhas da Capital, que, segundo a última medição, realizada em Porto Alegre e na Ilha da Pintada no fim da tarde desta terça, apontou 80cm – a altura de alerta é 1m80cm. Segundo o Sistema Metroclima, que integra o Centro de Comando da Capital (Ceic), a situação do Guaíba na região do Delta do Jacuí, no momento, não preocupa, porque a bacia do Jacuí, que é o maior alimentador do Guaíba, ainda não atingiu o nível de alerta. Segundo o último balanço da Defesa Civil, o rio atingiu, por volta das 17h desta terça, 3m80cm – o nível de alerta é de 9m32cm.
Conforme as análises do Metroclima, a Região das Ilhas poderá receber sinal de alerta em razão do aumento do volume da chuva nesta quarta e nos próximos dias.
Segundo a meteorologista Maria Clara Sassak, da Somar Metrologia, o nível dos rios não sobe apenas devido à chuva que atinge diretamente as bacias – a precipitação em municípios próximos também influencia nas cheias.
– A chuva que atinge áreas mais afastadas dos rios influencia diretamente nas cheias, porque todo o escoamento tende a ir em direção às bacias. Chuvas em municípios mais distantes de determinado rio também ajudam no transbordo – disse.
Maria Clara esclareceu que fatores externos também podem diminuir a capacidade das bacias hidrográficas.
– O assoreamento, que pode acontecer de maneira natural devido ao escoamento da chuva ou pelo descarte irregular de resíduos nas margens dos rios, pode diminuir a capacidade das bacias e, consequentemente, aumentar as chances de transbordo – explicou.
Conforme a meteorologista, as temperaturas devem seguir elevadas no Estado, principalmente nas regiões norte e noroeste, onde a chuva deve perder um pouco de força nesta quarta.
Bloqueios em estradas no RS
Até ao início da noite desta terça-feira, ao menos sete pontos de rodovias no RS, cinco estaduais e duas federais, estavam totalmente bloqueados. A Polícia Rodoviária Federal e o Comando Rodoviário da Brigada Militar alertam para os desvios e rotas alternativas:
Rodovias Estaduais
ERS-124, km 7, em Montenegro
Alternativas: ERS-122, que liga Porto Alegre à Serra ou a ERS-240, que liga Portão a Montenegro
ERS-502, km 9, em Paraíso do Sul
Alternativa: ERS – 287, que começa em Canoas e termina em São Borja
ERS-129, km 44 ao 50, em Colinas
Alternativa: ERS-453 - Rota do Sol
ERS 422, km 64, em Venâncio Aires
Alternativas: ERS-471 por meio do município de Sinimbu ou pela Linha Roncador, interior de Venâncio Aires
ERS 130, km 29 ao 31, em Venâncio Aires
Alternativa: ERS- 244 por meio da cidade Vale Verde
Rodovias Federais
BR 116, km 180, em Nova Petrópolis
Alternativas: De Caxias a Porto Alegre - utilizar a ERS-122 De Caxias para Gramado: Utilizar a Rota do Sol
BR 290, km 180, em Pantano Grande
Alternativa: desvio por dentro do município sinalizado nos dois sentidos.
*Zero Hora