Em uma história que começou como traquinagem adolescente, mas que poderia ter acabado em tragédia, dois garotos de 14 anos foram flagrados no bagageiro de um avião da companhia Avianca às 7h de quarta-feira, no Aeroporto Internacional Salgado Filho, antes da decolagem do voo para o Rio de Janeiro.
O avião sairia de Porto Alegre e tinha o aeroporto do Galeão como destino, e os meninos, que são primos, provavelmente conseguiram acesso à aeronave pulando tapumes na noite anterior e passando pelas obras que são realizadas no terminal 1, conforme o delegado da Polícia Federal José Antônio Dornelles.
Já acomodados no bagageiro e esperando a decolagem, os adolescentes foram localizados por agentes da Infraero durante inspeção. Após prestarem depoimento, foram liberados pela polícia e voltaram a Canoas, onde moram.
Foram feitos dois registros: um para o Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca), por se tratar de menores, e outro para a Polícia Federal, por envolver questões de segurança aeroportuária.
Nos depoimentos, os garotos disseram que escolheram aleatoriamente o voo no qual embarcariam. Não tinham uma companhia ou um voo em mente e pretendiam apenas fazer uma aventura.
A Infraero emitiu comunicado segundo o qual a invasão do bagageiro poderia ser considerada uma infração, mas que isso dependeria das autoridades. A delegada do Deca Eleonora Ronchetti Martins Xavier disse que não deverá haver consequências penais, porque os menores colocaram apenas a própria vida em risco.
– Não chegou a haver risco de incolumidade pública, e eles não tinham a intenção de cometer ato ilícito à aviação civil. Só queriam viajar para outro Estado – disse a delegada.
O professor de aeronáutica Cláudio Roberto Scherer, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), calcula em algo como 30ºC negativos a temperatura a que pode chegar o interior do bagageiro. Apenas um dos bagageiros é aquecido como o ambiente dos passageiros – aquele em que são conduzidos animais. Não era, porém, o caso. A temperatura pode chegar a até 50ºC negativos, dependendo do voo.
– Os meninos chegariam mortos se o avião decolasse com eles dentro – afirmou.
Outro problema seria a possibilidade de os garotos serem sufocados pela bagagem que seria colocada no local.
A Polícia Federal, conforme o delegado Dornelles, preocupou-se em alertar a Infraero para que casos semelhantes sejam evitados no futuro. A ressalva é de que a inspeção funcionou, mas a preocupação se dá em relação às etapas de segurança que os dois garotos conseguiram superar.