Mesmo com o número de desempregados superando 200 mil na Região Metropolitana, segundo pesquisa divulgada ontem pela Fundação de Economia e Estatística (FEE), há vagas que a maioria dos trabalhadores dispensa. Armazenista, operador de telemarketing e vendedor pracista são três das dez atividades mais difíceis de serem preenchidas no Rio Grande do Sul, segundo a Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS)/Sine.
O levantamento foi feito pela instituição a pedido do Diário Gaúcho, e leva em conta o fluxo de abertura e fechamento de postos de trabalho no primeiro semestre do ano. São funções em que quase sempre há vagas abertas, mesmo com o alto número de trabalhadores à procura de emprego.
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A média de salários para as dez funções mais difíceis de serem preenchidas varia de R$ 940,90 a R$ 1.740,46. Atualmente, a FGTAS tem 429 oportunidades abertas para estas vagas no Estado.
De acordo com a coordenadora do Departamento de Relações com o Mercado de Trabalho da FGTAS, Ana Rosa Fischer, o sistema permite que cada oportunidade de emprego fique aberta só por 60 dias. Mas nada impede que as mesmas vagas retornem ao sistema.
– No caso destas vagas, não foram todas preenchidas, mas isso não quer dizer que ninguém (das seleções) tenha sido aproveitado – afirma Ana.
Funções que exigem esforço físico, exposição a intempéries, deslocamento para outras cidades ou alguma habilidade específica costumam ser as mais difíceis de serem preenchidas. Oportunidades como operador de telemarketing, por exemplo, são quase permanentes no banco de oferta do FGTAS/Sine:
– É um tipo de atividade de alta rotatividade, são funções penosas em que o desgaste é muito grande e nas quais os salários, em geral, são mais baixos – explica Ana.
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Alta rotatividade
Gerente comercial em uma funerária da Capital, Núbia Sousa afirma que a rotatividade do call center da empresa chega a 30% para o período de experiência – primeiros três meses. No dia da visita da reportagem, havia três vagas em aberto na sua equipe. A adaptação ao telefone e a alta concentração que a atividade exige são os pontos que acabam dificultando que o trabalhador se habitue à função, acredita Núbia.
A atividade, que consiste em vender planos funerários por telefone, tem carga horária de seis horas, com intervalo de dez minutos a cada uma hora e meia. Na funerária em que Núbia trabalha, o salário é de R$ 1.109, mais comissões.
– Não é difícil vender nosso produto, isso faz parte da necessidade de qualquer família. Quando a pessoa entende bem essa necessidade, ela vende bem. E quando existe grosseria (por parte de quem atende as ligações), os operadores sabem que não é pessoal – salienta Núbia.