Segundo o coordenador do Núcleo de Segurança da Faculdade de Direito de Santa Maria (Fadisma), Eduardo Pazinato, o latrocínio é considerado o delito mais chocante da estrutura jurídica do país. A morte da Shelli Uilla da Rosa Vidoto, 27 anos, assassinada na área central de Santa Maria, ilustra o quanto a proximidade com o caso sensibiliza a sociedade:
VÍDEO: Câmeras registram momento em que jovem é atacada por assaltantes
– O latrocínio envolve segmentos sociais que, tradicionalmente, não são as mesmas vítimas de homicídio, por exemplo, que, em geral, acontece em locais de ausência do estado, com dimensão passional ou envolvendo tráfico de drogas. Choca porque é dentro do imaginário que pode acontecer com qualquer um. Pode ser eu, um primo, um tio. A morte dessa jovem é mais do que estatística, é uma parte de nós que se vai.
Pazinato enfatiza que, no Brasil, são cerca de 60 mil mortes por violência letal (crimes de homicídio, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e encontro de cadáver por causa violenta) ao ano. Para ele, a solução não é simples e se trata de um problema social que deve ser questionado e não naturalizado como se violência fosse parte da nossa cultura.
– Que sociedade é essa? Nenhuma forma de violência deveria nos ser estranha. Deveríamos nos indignar. A morte de um policial deve chocar tanto quanto a morte de um jovem em razão de um acerto de contas pelo tráfico de drogas. Por que a polícia do Brasil é a que mais mata e que mais morre? O aumento da violência deveria motivar, debater, cobrar do prefeito, da polícia - salienta Pazinato.
"Podiam ter levado tudo. Só não podiam ter levado ela", diz pai de vítima de latrocínio
O especialista reitera que esse também deveria ser o tema central da agenda social e política, com medidas como a criação de um plano de enfrentamento aos homicídios a fim de construir soluções com controle e prevenção, investir em políticas públicas, analisar as motivações e ter um sistema prisional adequado. Ele, inclusive, sugere uma maior atuação do Gabinete de Gestão Integrada da cidade, além de investimento de tecnologias aplicadas ao controle social como iluminação, poda de árvores, pintura viária e na efetividade policial com tecnologias aplicadas ao controle (câmeras, GPS, etc).