Em meio ao clima de tensão que se estendeu pela tarde desta terça-feira, depois que alunos da Escola Estadual Augusto Ruschi, de Santa Maria, foram impedidos por ocupantes do colégio de voltar às aulas, um adolescente surgiu armado e ameaçou estudantes e ocupantes. Ele foi contido por uma professora da escola, que fica na Cohab Santa Marta, bairro Juscelino Kubitschek, região oeste da cidade.
– Cheguei perto dele e disse: "baixa isso, cara. Tu queres te comprometer?" O menino já foi meu aluno, tenho uma boa relação com ele e sei que ele é brincalhão e debochado, mas achei uma atitude terrível – relatou a professora, que não quis ser identificada.
Assista ao vídeo:
Augusto Ruschi é a segunda escola ocupada em Santa Maria
Ainda, conforme a professora, momentos antes, ela também pediu que alguns ocupantes, que estavam com barras de ferro, não agissem com violência:
– Não gosto de rótulos, são meus alunos. Está um tumulto. Toda essa situação tem sido desgastante para todo mundo.
Ao ver um trecho do vídeo em que o adolescente aparece com a arma e sem saber do diálogo que a professora teve com ele (descrito acima), a diretora da Augusto Ruschi, Maria Antonieta Pistoia Guimarães, desabafou:
Protesto de estudantes provoca congestionamentos em Santa Maria
– Que situação é essa? Que cena chocante! Espero que seja de brinquedo, mas ninguém me relatou nada. Eu sigo perguntando: se faz o quê? A promotoria não resolve. A polícia não resolve.
Ocupantes infliltrados
A diretora atendeu à reportagem do Diário no portão da casa onde mora, no bairro Parque Pinheiro Machado, no fim da tarde desta terça. Em pé, depois de um dia exaustivo, ela relatou por 27 minutos a angústia que tem vivido desde 22 de maio, dia em que a instituição foi ocupada, em virtude da mobilização que se criou em torno do movimento grevista dos professores estaduais.
Entre os problemas relatados por Maria Antonieta, o maior é a preocupação em quanto à integridade dos alunos. A diretora ainda lamenta o fato de pessoas não ligadas à escola estarem infiltradas na ocupação e também reclama da dificuldade de dialogar:
– A ocupação partiu do nosso grêmio. Agora, a maioria saiu. Tem gente de outras escolas, gente de sindicato e, até professores que inflamam a confusão. Nossos alunos estão servindo de massa de manobra. Minha decisão sempre foi de não voltar às aulas enquanto a ocupação ou a greve não terminassem.
Escola depredada
A diretora lamentou que a estrutura da Augusto Ruschi tem sido depredada desde o início da ocupação:
– São vidros quebrados e paredes pichadas. Já sumiram notebooks e, esses dias, encontramos até um facão escondido perto do ar-condicionado, no pátio.