Um detento saudita preso na Baía de Guantánamo, que pode ter ficado em uma prisão secreta da CIA na Lituânia, reivindicou o status de vítima em uma investigação de Vilnius sobre a existência deste local, indicou sua advogada nesta segunda-feira.
A obtenção do status de vítima permitiria a al-Hawsawi obter acesso aos processos de inquérito, disse à AFP Ingrida Botyriene, advogada de Mustafa al-Hawsawi, três dias após um pedido formal à justiça em Vilnius.
Ela assegurou que um relatório do Senado americano, publicado em dezembro de 2004, confirma a suspeita de que seu cliente foi detido em uma prisão secreta na Lituânia antes de ser enviado para Guantánamo em 2006.
No seu relatório, condenando os métodos de interrogatório da CIA, o Senado americano não cita quaisquer países que abrigaram esses locais, mas, de acordo com militantes dos direitos humanos, um centro de nome "Violet" teria operado na Lituânia em 2005-2006.
A Lituânia iniciou em abril de 2015 um inquérito sobre a existência de centros de detenção da CIA para supostos membros da Al-Qaeda.
A presidente lituana Dalia Grybauskaite assegurou que o seu país estava pronto para "assumir as suas responsabilidades" se as informações do relatório fossem confirmadas.
No seu pedido, a advogada do saudita também pediu que os promotores ampliassem a investigação aos crimes contra a humanidade, em vez de se concentrar "num possível transporte de pessoas através da fronteira do Estado".
Al-Hawsawi foi vítima de técnicas especiais de interrogatório que são consideradas tortura pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos, disse ela.
Mustafa al-Hawsawi, de 47 anos, capturado no Paquistão em 2003, poderá ser condenado à morte se for considerado culpado de envolvimento nos ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.
Na vizinha Polônia, o ex-presidente Aleksander Kwasniewski reconheceu em dezembro de 2014 que seu país sediou uma prisão secreta da CIA.
Em fevereiro, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos condenou Varsóvia por seu papel na tortura sofrida no seu território em 2002-2003 por um palestino e um saudita, antes de serem transferidos para Guantánamo.
* AFP