Morreu, às 21h15min desta terça-feira, Nery dos Santos, 84 anos, que estava internado desde o dia 24 de abril no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) por ter fraturado o fêmur. A confirmação da morte foi dada pela assessoria de comunicação do hospital.
O idoso estava em estado grave e, até as 20h desta terça-feira, aguardava por um leito na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Segundo o filho de Nery, José Carlos Rosa dos Santos,62 anos, seu pai foi submetido a cinco jejuns para a realização de cirurgias, que sempre foram canceladas. Os procedimentos, segundo o familiar, teriam enfraquecido o paciente.
– O que nos deixa chocado é o meu pai ter internado para fazer uma cirurgia e, 48h depois, não ter feito. Trouxemos ele bem, no domingo retrasado. Se ele não tivesse passado por esses jejuns estaria junto de nós agora – lamenta o filho.
Com poucos anestesistas, cirurgias de traumato caem 75% no Husm
Demora para a liberação do corpo
Outro drama relatado pelos familiares de Neri foi a demora para a liberação do corpo. Foi preciso dois laudos que atestassem a causa da morte. Ainda na terça à noite, a família procurou uma funerária para fazer a remoção do corpo apresentando um atestado de óbito, que informava falência múltipla de órgãos. Contudo, como o corpo precisava passar pelo Instituto Médico Legal (IML), foi solicitado um novo atestado, mais completo, informando, inclusive, a fratura do fêmur. O corpo somente foi liberado por volta das 10h desta quarta-feira.
O velório de Nery ocorre a partir das 14h, na capela 2 do Hospital de Caridade. O sepultamento será às 17h, no Cemitério Ecumênico Municipal.
Na última segunda-feira, a família registrou uma ocorrência na Delegacia do Idoso e o caso foi encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF).
Nery também ganhou repercussão após fazer um agradecimento que ele mesmo escreveu em um guardanapo de papel, referindo os cuidados de um enfermeiro.
Idoso foi vítima de problemas rotineiros do hospital
O traumatologista João Alberto Larangeira foi um dos médicos que atenderam Nery. O traumatologista negou ter havido negligência médica, salientando que o hospital tem enfrentado diversos problemas que acabam interferindo nos atendimentos:
Leia mais notícias sobre o Husm
– O problema é não conseguirmos fazer as cirurgias a tempo. Há superlotação, restrição do número de anestesistas e indisponibilidade de salas cirúrgicas.
O médico ainda desconsiderou que uma possível desnutrição, em decorrência dos jejuns que o paciente foi submetido, tenha causado a morte do paciente:
– Esse não foi o fato do óbito (desnutrição). Além da fratura no fêmur, o idoso já apresentava um quadro clínico instável devido a doenças renais. Ele estava sendo acompanhado pela equipe de nefrologia.