
Depois de a presidente Dilma Rousseff viajar para os Estados Unidos, na quinta-feira, o vice Michel Temer concedeu uma entrevista ao The New York Times. Ao jornal americano, o peemedebista voltou a defender a legalidade do processo de impeachment de Dilma. No entanto, a publicação questiona a capacidade de Temer para assumir a Presidência.
O The New York Times ressalta que o vice-presidente, segundo pesquisas, teria 2% das intenções de voto se houvesse uma eleição hoje. Além disso, relata que Temer esteve tão raras vezes no foco nacional que muitos brasileiros o conheciam por sua esposa, Marcela – a mulher "bela, recatada e do lar", conforme definição da revista Veja.
A reportagem também indagou o vice sobre as menções a ele em delações premiadas, como a do senador Delcídio Amaral. Temer, que se disse inocente, afirmou que suas conexões com executivos envolvidos no esquema de corrupção na Petrobras estiveram relacionadas às suas responsabilidades burocráticas como presidente do PMDB.
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O vice ainda voltou a declarar que não pretende interferir nas investigações de corrupção na política do país, mas defendeu seus aliados das suspeitas de irregularidades. Ao falar sobre o tema, Temer comentou que não pediria a Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para renunciar à presidência da Câmara.
– Esse é um assunto para o Supremo Tribunal Federal decidir – afirmou.
Frieza na relação com Dilma
Ao jornal americano, Temer detalhou ter sido "excluído" do governo ao longo dos últimos quatro anos e mencionou que não é amigo de Dilma. De acordo com o peemedebista, a última vez que os dois conversaram foi no final de janeiro.
– Nós não somos amigos porque ela não se considerava minha amiga – destacou.
O vice, que assume o governo até o retorno da petista dos Estados Unidos, salientou que o processo de impeachment é "permitido pela Constituição brasileira".
– Estou muito preocupado com a intenção da presidente de dizer que o Brasil é alguma republiqueta onde golpes acontecem – afirmou, em referência ao discurso do governo e do PT de que o processo de afastamento de Dilma é uma "fraude política".
Temer também falou sobre outros problemas atuais do país, como o desemprego– que, segundo o IBGE, atingiu 10,4 milhões de pessoas – e a forma como pretende combatê-los, caso assuma a Presidência.
– É necessário que a esperança renasça – definiu.
O jornal destaca que Temer assumiria o maior país da América Latina enfrentando, além das dificuldades políticas, uma crise econômica, uma epidemia de zika, e uma Olimpíada – tudo ao mesmo tempo.
Apesar disso, o peemedebista diz que mantém a esperança de promover uma espécie de catarse, reunindo um "governo de unidade nacional". Citando Juscelino Kubitschek, Theodore e Franklin Roosevelt, Temer destacou que deseja criar um "governo de otimismo".
*Zero Hora com informações do Estadão Conteúdo