O papa Francisco assinou nesta terça-feira o decreto de canonização da Madre Teresa de Calcutá, que será declarada santa no dia 4 de setembro. A decisão foi tomada durante um consistório encarregado de examinar a causa da religiosa, que faleceu em 1997 e foi beatificada em 2003.
Madre Teresa se tornou um ícone da Igreja Católica e já era celebrada no calendário canônico no dia 5 de setembro, o aniversário de sua morte. O serviço de imprensa do Vaticano não confirmou o local da celebração.
A Igreja da Índia insiste para que o pontífice argentino se dirija a Calcutá para a celebração. Mas várias fontes do Vaticano afirmam que uma viagem como essa não está prevista e que a canonização será realizada em Roma.
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Em 2003, a beatificação da religiosa indiana pelo papa João Paulo II, de quem ela era muito próxima, reuniu 300 mil fiéis em torno da Praça São Pedro.
Além de Madre Teresa, o consistório aprovou a canonização em 16 de outubro do mexicano Jose Sanchez del Rio (1914-1928), morto por sua fé aos 14 anos, e de Curé Brochero (1840-1914), um padre argentino muito popular que viajava de mula em contato com pessoas excluídas.
O consistório também autorizou a canonização, no dia 5 de junho, do padre polonês Estanislau Papczynski (1631-1701) e da sueca Marie-Elisabeth Hesselblad (1870-1957). Luterana convertida ao catolicismo, já foi declarada Justa entre as Nações por salvar judeus durante a Segunda Guerra Mundial em Roma.
A canonização é o reconhecimento oficial por parte da Igreja de que uma pessoa está no paraíso. Para isso, ela deve ser considerada responsável por dois milagres após sua morte, um para a beatificação e outro para a canonização, sinais de sua proximidade com Deus.
Para Madre Teresa, o Vaticano quebrou todos os recordes de velocidade, ao reconhecer um primeiro milagre em 2002, o que permitiu sua beatificação. E em dezembro, a Igreja admitiu o caráter miraculoso, atribuído à intercessão da religiosa, da cura em 2008 de um engenheiro brasileiro que tinha 35 anos e sofria de vários tumores cerebrais.
Nascida em 1910 em uma família albanesa na Macedônia, Gonxhe Agnes Bojaxhiu foi ordenada aos 18 anos e enviada para ensinar na Índia. Um pouco mais de 20 anos depois, fundou em 1950 sua própria congregação, as Missionárias da Caridade, que dedicam suas vidas "aos mais pobres entre os pobres".
Trabalhando em um primeiro momento em Calcutá, a congregação cresceu e se espalhou por todo o mundo. Ela agora possui 4,5 mil freiras, quatro das quais foram mortas na semana passada no Iêmen. Prêmio Nobel da Paz em 1979, Madre Teresa morreu em 1997, em Calcutá.
O processo canônico de beatificação também revelou, através de trechos comoventes de correspondências, que ela sofreu enormemente em sua fé durante grande parte de sua vida, chegando, por vezes, a duvidar da existência de Deus.
"Jesus tem um amor muito especial por vocês. Para mim, o silêncio e o vazio são tão grandes que olho e não vejo, escuto e não ouço", escreveu ela em 1979 a um confessor, padre Michael Van Der Peet.
Madre Teresa também teve seus detratores, que a criticaram por ter se mostrado pouco atenciosa sobre a origem das doações feitas a ela e de ter mantido uma forte oposição à contracepção e ao aborto.
O papa Francisco, que a conheceu por ocasião de um sínodo em Roma, em 1994, relatou em 2014 que ficou impressionado com a sua força de caráter, embora reconhecendo:
– Eu teria ficado com medo se tivesse sido minha superiora.