A Delegacia de Esteio investiga uma quadrilha de traficantes que teria expulsado pelo menos seis famílias do Parque Primavera, numa investida que começou há duas semanas. De acordo com moradores, os criminosos incendiaram duas casas na região e agrediram várias pessoas. Além disso, enviam fotos deles, armados, via WhatsApp, para as vítimas, tentando intimidá-las ainda mais.
- Sabemos que houve confusão e que as casas foram queimadas. Temos as denúncias de vizinhos e estamos investigando - informou o chefe de investigações da DP de Esteio, Ernani Arnold.
A gangue teria cerca de 15 integrantes (entre eles, pelo menos duas mulheres), alguns com antecedentes criminais por tráfico. Conforme a denúncia de moradores, o grupo começou a aparecer fortemente armado na região e dando prazo para que todos deixassem suas residências, pois as mesmas seriam transformadas em pontos de tráfico.
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Vítimas denunciaram para o Diário Gaúcho pelo WhatsApp
- Somos gente de bem, nenhuma das famílias expulsas é do mundo das drogas. Até uma mulher grávida eles agrediram e botaram para correr - narrou uma mulher.
- Vieram falar comigo e pediram para eu guardar armas e drogas para eles na minha casa. Não topei, e então colocaram um revólver na minha cara e disseram que iam me matar se eu não saísse. Estou refugiado na casa de parentes, mal deu tempo de pegar as minhas coisas - relata outro homem.
Ambos, temendo represálias, pediram para não serem identificados. Eles asseguram ter documentação das residências que deixaram para trás. A gangue teria, no ano passado, assassinado a tiros um homem apontado como líder do tráfico de uma região próxima dali. E, agora, estariam dispostos a aumentar seus domínios.
A polícia ainda investiga uma tentativa de homicídio, ontem, que teria sido praticada por integrantes da quadrilha. A vítima foi alvo de vários disparos, mas conseguiu escapar, sem ferimentos.
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Expulsos pelo tráfico
Os confrontos entre traficantes, para o controle de pontos de venda de drogas, é rotina na Região Metropolitana. Além das disputas, é comum que as quadrilhas aterrorizem moradores de loteamentos, invasões, bairros e, até, condomínios para que deixem suas casas. As residências viram bocas de fumo ou depósitos de armas e drogas. Quando alguém resiste, tem seu lar incendiado, ou é morto. O medo e as ameaças já forçaram famílias a abandonar seus lares, por exemplo, no Rincão da Madalena, em Gravataí, na Vila das Laranjeiras, no Loteamento Timbaúva e no Recanto do Sabiá em Porto Alegre.
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